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Meu nome é Thiago Caro e em Novembro de 2008 decretei uma moratória a mim mesmo.
Morei um tempo bom em Michigan e viajei boa parte dos EUA em treinamento para o trabalho voluntário relacionado a educação que agora faço em Moçambique. Em Fevereiro de 2010 irei de Moçambique a Israel em uma viajem cruzando por terra, em transporte local, Tanzania, Kenya, Ethiopia, Sudão e Egito. Escrevo este blog como maneira de compartilhar minhas experiências e bobagens com todo aquele que ache interessante e fale português.

thiago_caro@hotmail.com

Thursday, March 4, 2010

Pemba, 24.02.2010 20:00

Uma breve sobre a ilha de Mocambique

Enquanto esperava o chapa pelas 5:00 da manha na pensao Casa Branca, um sr muito simpatico que toma conta da pensao (me foge o nome) ficou jogando um pouco de conversa fora comigo enquanto tomavamos um cafe olhando para o mar. Me contou um pouco sobre os anos de guerra e como foi este tempo na ilha.

Após a perda de interesse dos europeus em suas colonias africanas os paises comecaram a se formar e tornar-se independentes. Em Mocambique houve uma guerra relativamente curta contra os portugueses na época em que se formou a FRELIMO (Frente para a Libertacao de Mocambique) sobre a presidencia de Eduardo Mondlane que foi tambem o primeiro presidente do novo pais ate seu assassinato ocorrido na Tanzania se nao me equivoco. Acontece que com a vitoria da FRELIMO foi dado um ultimato de 24hs para os poucos portugueses que ainda viviam no pais e os mesmos tiveram que fugir deixando tudo o que construiram para tras de maneira um pouco desesperada para nao morrerem... muitos morreram.

A Renamo se formou a partir dos portugueses expulsos e pela briga pelo poder entre os mocambicanos no novo pais sobre a lideranca de um tal Jacama (sip) bicho ruim que esta vivo ate hoje e teve a colaboracao portuguesa para implantar o caos no pais. Apos a derrota humilhante da Renamo nas ultimas eleicoes em Novembro (os dois viraram partidos politicos apos o fim da guerra) o tal Jacama ameacou recomecar a guerra, mas hoje, ninguem apoia o maluco.

A ilha de Mocambique foi declarada patrimonio da humanidade e como ambos, Frelimo e Renamo nao desejavam intervencao europeia direta aqui, a batalha nao foi travada na ilha, por isso as ruinas lá sao pelo tempo e nao pela guerra. Na ilha nao houve batalha mas a guerra castigou muito a populacao local, contava-me o sr com os olhos mareados que a populacao estava livre das balas dentro da ilha porém na ilha nao se planta por falta de terra e portanto as pessoas tem suas machambas (agric de subsist.) na parte do continente e tambem tira alimento da pesca nos entornos da ilha.

Como maneira de atingir a populacao local a Renamo matava periodicamente todas as pessoas que atravessavam a ponte para ir a Machamba e colocava barcos de patrulha no mar para impedir tambem a pesca. Os que iam para o continente ou para o mar eram mortos e se fossem criancas viravam soldados. Mocambique tem na guerra entre Frelimo e Renamo um dos maiores contigentes de soldados mirins ja registrados.
Enquanto me contava sobre os anos de fome por consequencia disto tudo (a guerra foi dos 70 aos 90) sentia a profunda tristeza daquele mocambicano que era muito jovem nesta epoca e pegou tambem nas armas depois para lutar com a Frelimo, como a maioria dos que fizeram parte da guerra por vontade propria.

Sobre Pemba nao posso ainda dizer muito visto que pelo cansaco do dia apenas sai para a noite para uma caminhada no mar e uma sopa de hortalica em um restaurante chines ! que encontrei na cidade. A hospedagem é uma merda, fede muito.

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