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Meu nome é Thiago Caro e em Novembro de 2008 decretei uma moratória a mim mesmo.
Morei um tempo bom em Michigan e viajei boa parte dos EUA em treinamento para o trabalho voluntário relacionado a educação que agora faço em Moçambique. Em Fevereiro de 2010 irei de Moçambique a Israel em uma viajem cruzando por terra, em transporte local, Tanzania, Kenya, Ethiopia, Sudão e Egito. Escrevo este blog como maneira de compartilhar minhas experiências e bobagens com todo aquele que ache interessante e fale português.

thiago_caro@hotmail.com

Monday, March 15, 2010

Ilha do Ibo, Mozambique, 10.03.2010

No ultimo dia em Pemba pela noite fui a procura de transporte certo para Quissanga de onde sai um barco chapa ate o Ibo e vi que um Machibombo (minibus) sairia no dia seguinte as 3.00 para Mocimboa da Praia e no meio do caminho faria uma parada em Bilibiza de onde eu conseguiria um outro transporte ate Quissanga, com muita sorte uma carona.

Acordei as 3.00 pois sabia que o machibombo como sempre nao sairia na hora dita e nao saiu... cheguei as 3.30 e ficamos ate as 4.30 rodando, buscando passageiros, pelo menos consegui um lugar sentado... o machibombo Mt 100. Apos um pneu furado e 4 horas de viagem desco em Bilibiza aonde encontro um camarada da ADPP que estava trabalhando la. Espero uma meia hora e um caminhao com cacamba coberta, bem comum aqui e chamado de tanzaniano passa e nos leva ate Quissanga por uma estrada impassavel por um veiculo pequeno nestes meses da estacao chuvosa. Mesmo o caminhao que nao chegou a atolar tinha muita dificuldade em passar por alguns lugares e a viagem de 86 km demorou 2 horas e custou mais Mt100. Comprei a algum tempo uma caixa de fosforos grandes, daquelas duplas para que nao me falte fogo! enquanto no tanzaniano um camarada me pediu fogo emprestado e emprestei a caixa a ele... todo mundo queria ver a caixa e falavam 'coisa de muzungo' enquanto passavam a caixa de mao em mao... falavam mais um monte de coisa mas eu nao entendo nada na lingua local ja bem arabe falada nesta regiao. Salama!

Chegando a Quissanga passamos a primeira praia seguindo no sentido de Tangangara (sip) onde o tanzaniano para quando comeca o manguezal, manguezal diferente daqueles que ja havia visto, com arvores muito grandes que ficam praticamente submersas na mare cheia e completamente emersas na mare baixa. Uma caminhada de 15min pelo manguezal com as malas nas costas, seguindo um senhor que tambem ia para Ibo, e chego a um pequeno barco, mas com motor, que faz o transporte ate Ibo, este barco Mt 50.

Avistar o Ibo eh lindo... o barquinho passa entre duas ilhas bem proximas, num estreito bem estreito quase coberto como um portal pelas altas arvores de ambas as ilhas... ai avista se a ilha ja bem proxima com a fortaleza em forma de estrela construida pelos portugueses. A ilha eh uma das cidades mais antigas do territorio conhecido hoje como Mozambique, foi durante tempos que remetem a mais de mil anos atras, razao de disputa entre Asiaticos do Sul, Arabes e posteriormente portugueses por sua localizacao estrategica na costa de Swahili que era o ponto mais importante de comercio vindo do Oriente, alem de ser naturalmente protegida por aguas rasas e uma longa barreira de corais do Arquipelogo das Quirimbas (33 ilhas) e estar extamente no ponto mais proximo entre Madagascar, Comores e continente. Enfim tem motivo pra ilha ter tanta historia e tambem seus 3 fortes, ruinas da arquitetura de origem indiana, arabe e portuguesa.

Ao contrario do encontrado na Ilha de Mocambique, as ruinas de Ibo tem por razao sim as guerras de independencia e desestabilizacao do ultimo seculo, todas as ilhas das Quirimbas sofreram uma reducao drastica de populacao chegando a maioria delas a estar completamente despovoadas, algumas assim permanecem, outras sao simplesmente inabitaveis.

Chegando ao Ibo o barco para bem proximo a praia e alguns meninos oferecem ajuda com as malas, ajuda com recompensa que aceito e peco para que me levem ate o Karibo (bem vindo em Swahili) tambem conhecido como Casa Joanina, uma casa com alguns quartos, dois bugalows e area para camping. Todas as opcoes bem baratas para um local com cerca de bambu, na areia da praia, com sombra ainda me emprestam o fogaozinho a lenha para que eu possa cozinhar. Para acampar pago uma coca cola... Mt 100

Monto minha tenda e separo tudo o que molhou na viagem com a ajuda de um menino de uniforme que me seguiu ate o camping, combinamos que amanha ele me leva a uma praia do outro lado da ilha cruzando o mato. Devidamente instalado vou dar uma volta procurando por comida e agua ja que os paes que comi no machibombo junto a agua (mineral) ja nao faziam mais efeito. No Ibo nao existe a tradicional Coca Cola na garrafa de vidro vendida em todos os cantos do pais, tambem nao ha energia eletrica portanto nada que necessite de um refrigerador para ser conservado pode ser encontrado. O camping tem um pequeno gerador que eh ligado a noite, um luxo. Sou o unico hospede e desde que sai de Pemba o unico nao africano que vi ate agora.

Voltano a volta, consigo comprar agua, suco, ovos, porem nenhum vegetal, pouquissimas frutas... porem ha peixes e compro um grande. O por do sol no mar com as arvores submersas sem comentarios... nao sei por que motivo os tons pasteis de azul predominavam ao contrario do vermelho que costuma acompanhar o por do sol.. ja havia ouvido que ali o por do sol era azul pastel, mas nao me lembro o porque.

Com carvao arrumado pelo camping faco um arroz com algumas cebolas e os ovos, improviso uma grelha com alguns galhos e pedras que funciona 100% permitindo ate equilibrar cebolas no peixe, modestia parte ficou perfeito. Agora um cafe, uma leitura e o barulho dos muitos e grandes passaros da ilha... pena que tambem todos os insetos que se pode imaginar presentes em uma ilha de grande vegetacao e manguezais na Africa.

Detalhe, hoje os transportes, acomodacao, comida, tudo junto custou Mt 400

1 Comment:

Marco Antonio said...

Cara, que inveja boa sinto de voce, parabens!