Obrigado pela visita!

Meu nome é Thiago Caro e em Novembro de 2008 decretei uma moratória a mim mesmo.
Morei um tempo bom em Michigan e viajei boa parte dos EUA em treinamento para o trabalho voluntário relacionado a educação que agora faço em Moçambique. Em Fevereiro de 2010 irei de Moçambique a Israel em uma viajem cruzando por terra, em transporte local, Tanzania, Kenya, Ethiopia, Sudão e Egito. Escrevo este blog como maneira de compartilhar minhas experiências e bobagens com todo aquele que ache interessante e fale português.

thiago_caro@hotmail.com

Thursday, January 28, 2010

Outro Zimbabwe... mesmo Zimbabwe...

Após a odisséia para deixar Harare que já começava a ficar um pouco pesada... cheguei a Gweru.

A resposta para a pergunta de por que alguém vai a Gweru é o Antelope Park, uma das muitas reservas do país e com algumas coisas que me chamaram a atenção enquanto fazia uma rota para estes poucos dias, como o fato de poder fazer o safari a pé, a pé com um leão ao lado!, em cima de um elefante, cavalo, charrete ou automóvel mesmo. Muitos parques só permitem fazer o safari com um automóvel próprio e no caso eu não possuo um, tampouco verba para alugar.

Gweru é uma cidade Hub por estar localizada bem no centro do país e portanto o movimento de transporte é alto e a cidade não muito atrativa, estilo inglês ainda lembrando muito aos muitos e muito semelhantes subúrbios dos EUA. Na cidade há pouca oferta de acomodação, porém o Midway hotel (USD 2O) foi uma opção relativamente barata mas com qualidade que não via a um bom tempo. A Comida... a mesma de Harare, todos os tipos de Inn, aquele fast food caro e pouquíssimos restaurantes com comida local barata.

Em Gweru um taxi que foi negociado pela bagatela de USD 5 me levou até a porta do parque porém chegando lá o taxista disse que havia combinado por outro valor 2 dolares maior e em Rands! Ninguém havia dito a palavra Rands na conversa e o taxista começou a criar confusão... após me encher muito o saco acabei dando o dinheiro para ele para evitar maiores problemas, sem perder a chance de demonstrar minha indignação com tamanha palhaçada. Na porta do parque uma conversa com o porteiro, pessoa muito interessante, enquanto esperava que algum carro passasse e me levasse até o acampamento que ficava 7km a frente caminhados já dentro do parque (com elefantes, wildebeests, zebras...) Esgotamos nossa cota de conversa após entrarmos no assunto Mugabe e a caminhada de 7km foi tranquila em meio a uma paisagem linda, com poucas espécies de gazela e muitos leões! muitos mesmo, mais de 100!!! porém em uma área muito grande e cercada, nesta área o parque recupera leões e os trata reinserindo na natureza tanto no Zimbabwe quanto em outros países da Africa subsaariana.

Chegando ao acampamento do parque uma boa estrutura e um senhor branco, sem um braço, com roupas de treinador me surpreendem... o parque não foi barato, mas também não foi caro pensando no quanto deve custar a manutenção de um parque como aquele, apesar dos USD80 de salário do treinador de elefantes. Não é cobrada entrada, pode-se fazer o safari a pé (USD 5) com o leão (USD 65) o que te garante que nenhum bixo chega perto de você e também que todos fujam ao te ver, com a charrete (USD10), com o elefante (USD 20)... custos justos. Cada centavo gasto vale a pena.

Após a reserva da Gorongosa em Moçambique, onde vi paisagens lindas e poucos animais, estava ansioso para ver algum daqueles grandes e famosos animais que conheço pelo zoológico... e desta vez pude ver alguns dos que ainda quero ver nestes meses em seus lugares de origem... percorremos o parque em charrete o que deu velocidade e possibilidade de visitar mais partes da reserva e permitiu ver no caminho Girafas, Zebras, Antilopes, Kudu, Búfalos, Impala, Gazela.... além dos leões de longe e os elefantes. Não poderia me dar ao luxo de pagar a caminhada com o leão, mas não pude resistir a dar uma volta em cima de um elefante na savanah... os elefantes eram fêmeas, com idade média de 20 anos (vivem até 80) e bem sossegados, durante a viagem elas colocavam a tromba para trás e eu enchia a tromba de amendoim... hehehe. Se um dia você puder dar um rolê de elefante, não pense 2 vezes!

Após percorrer o parque e dar um rolê de elefante peguei carona com os funcionários que iriam até uma vila próxima e de lá outra carona até Gweru onde passei mais uma noite no hotel bom e quase barato... no dia seguinte acordei cedo para seguir viagem a Masvingo, a cidade mais próxima as ruínas do grande Zimbabwe.

A viagem de Gweru a Masvingo foi um martírio longo... inacreditável.
Em Gweru resolvi tirar umas fotos da paragem de ônibus que era incrível, antigas coisas motorizadas de todos os tipos saiam para todas as partes do Zimbabwe... cavalinho de caminhão com carroceria de onibus chinês dos anos 60... minibuses com desenhos escolares chineses por trás de uma bandeira do Zimbabwe... enquanto tirava fotos no conturbado ambiente percebi que alguns homens me seguiam, nada de anormal, porém em certo momento pararam e começaram a perguntar o que eu estava fazendo tirando fotos... respondi que achava aquilo interessante e estava como turista, então começaram com uma história muito mal contada. Me cercaram, algo como 10 pessoas dizendo serem policiais e que seria proibido tirar fotos ali... perguntei pela identificação e indaguei onde estariam seus uniformes já que policiais no Zimbabwe são como mato (realmente muitos) e estão sempre uniformizados... um deles tentou me segurar pelo meu cinto da calça enquanto eu protegia minha camera e minha carteira... a multidão em volta do muzungo aqui aumentava... Nesta hora apareceram policiais verdadeiros ao longe, então disse: vamos ali conversar com seus amigos uniformizados... a multidão dispersou e no primeiro sinal de dispersão me dirigi rapidamente a meu onibus que esperava na paragem o momento da saída, pode-se também entender como o momento em que estivesse cheio até que ninguém mais pudesse entrar. A simpatia e total falta de ambiente turístico típica do Zimbabwe.

Depois de 2 horas de espera no ônibus, o mesmo partiu em direção a Masvingo... no caminho muita gente foi descendo até o momento em que apenas 32 pessoas estavam no ônibus. No meio do nada em uma paragem em um vilarejo qualquer o ônibus para e desliga o motor... o cobrador fala alguma coisa em Xhona que logicamente não entendo e as pessoas começam a descer... algumas mulheres que falavam ingles me informam que pelo fato do onibus não estar lotado a viagem não compensa para o motorista e portanto todos deveriam descer e se amontoar em um minubus, feito para 16 pessoas. Eramos exatamente o dobro.

Muita confusão e todo mundo está dentro do minibus... eu com minha mala e a mala de Lydia entre as pernas... um outro homem em frente com as pernas entre minhas pernas e as malas... como um outro homem teve que ir em cima de uma senhora que estava com um bebe, fui com o bebe no colo... atrás de mim havia um homem que deveria ir ao cirque du soleil pois fazia com suas costas o formato de um U durante duas horas enquanto se espremia em cima de 6 pessoas que ocupavam o lugar de 3.... A viagem nessa merda demorou 2 horas e ao descer precisei de uns 15 minutos parado para voltar a sentir as pernas e caminhar. Em certo momento me bateu uma grande tristeza por tudo aquilo, não entendo por que as pessoas aceitam isso, não reclamam... eu que não sou dali não estou em posição de reclamar muito e não podia esperar por outro transporte em meio ao nada pois se o mesmo não viesse estaria fudido... Há uma falta de respeito pelos camaradas seres humanos que chega a ser rídículo, todos estavamos pagando para estar ali.

Após esta viagem simpática chegamos a Masvingo, uma cidade relativamente desinteressante por si mesma, porém proxima as famosas ruínas do império que ao se dizimar formou o império Monomotapa, famoso pela resistência a colonização na região que hoje é parte de Zimbabwe, Moçambique e Zambia. Um minibus de Masvingo até as ruínas, uma caminhada de 2km aproximadamente até o portão... e lá estava... linda e imponente a cidade de pedra que começou a ser construída por volta de 1200 D.C e até 1600D.C abrigou grande população.

A passagem pelo portão custa a bagatela de USD 15 que apesar do orçamento restrito paguei com gosto... uma pequena caminhada e chega-se ao lugar chamado great enclosure onde as mulheres do rei viviam, ao final do império elas eram 200. Essa construção de pedra em círculo no vale abaixo da montanha onde estava a morada do rei é a mais bonita e maior das que estão no vale, com grandes caminhos de pedra, torres de observação, muros altos... tudo feito com granito empilhado que dura até hoje. Essa parte das ruínas é cercada por uma vegetação bem rica e com muitos babuínos que não tem muito medo de homem, cheguei bem perto deles e tirei boas fotos que estão no album do Zimbabwe.

Caminhando um pouco para fora desta parte das ruínas estão as muralhas que cercavam a área em que a população local vivia... as casas antigas que eram feitas de palha não estão mais lá, logicamente, porém a muralha está bem preservada e algumas habitações que pertenciam as primeiras mulheres 'sobressalhentes' do rei, feitas em pedra, ainda estão lá também.

Uma caminhada de 1km subindo a montanha e a parte mais bonita das ruínas, onde morava o rei e onde eram feitos os rituais, sacrifícios, festas e tudo o que era comum ao povo que lá vivia. Ao chegar em cima da montanha, nos deparamos com um senhor já de boa idade que nos acompanhou por esta parte das ruínas contando histórias do império antigo. Um local em especial me deixou arrepiado... A bandeira do Zimbabwe possui uma aguia que é símbolo do país, nesta parte das ruínas foram encontradas 7 aguias esculpidas em pedra (que estão no museu que fica no vale) que foram inspiradas em uma águia perfeita, formada naturalmente pela pedra mais alta que está na montanha... a águia natural é linda e as outras também. Abaixo desta águia um trono também naturalmente formado era usado pelo rei. Subir neste trono foi imaginar o passado, imaginar o rei no ponto mais alto da montanha fazendo um discurso para a população local que ficava na parte de baixo e poderia escutar tudo, graças a uma pequena caverna formada pela pedra ao lado do trono que amplificava a voz do soberano. Esta caverna era utilizada para toda a comunicação com a população, por exemplo no caso de uma tribo invasora aproximar-se das muralhas... do caralho!

O Zimbabwe é um país lindo naturalmente... muitos animais em toda parte... montanhas lindas com pedras que parecem ter sido empilhadas a mão... as ruínas sem comentários, não é a toa que são patrimonio da humanidade e a segunda atração mais recomendada no Zimbabwe pelo Lonely Planet ( a primeira é Vic Falls) eu que ficava louco vendo Os caçadores da arca perdida, Indiana Jones na sessão da tarde, tive orgasmos lá... porém as pessoas em Moçambique são infinitamente mais acolhedoras, pacíficas, simpáticas, amigas... o transporte, nunca vi nada pior... me sentia uma nota de dólar ambulante. Com certeza se as coisas se acentarem de vez por lá os turistas vão aparecer, fui a pontos turisticos e vi muito pouco turista, quase nenhum, eles tem que mudar o sistema economico por lá também por que utilizar o dólar em um país africano não soa como boa idéia nem para uma criança, tudo muito caro, distorcido, a riqueza gerada não fica lá.

É isso aí, espero que tenha sido possível passar uma pequena imagem do Zimbabwe nestes dois posts...

Aquele abraço

Monday, January 25, 2010

Natty Dread it in-a … Zim-ba-bwe

Ola,

O trabalho em Manica foi o último entre as oficinas ao Sul da província de Manica, dali segui para o Zimbabwe pois ao passar a borda teoricamente teria meu visto que vai até dia 26, ou seja hoje, prorrogado por mais 30 dias... e também por que o Zimbabwe para mim é um dos países mais interessantes do Sul da África, sempre tive vontade de conhecer e pude um pouco em 7 dias.

Saindo de Manica um chapa (algo com motor) levou até a cidade de Machipanda no lado de Moçambique, lá o posto de imigração não foi problema, carimbo de saída e uma pequena caminhada de 1km até o posto de imigração no lado do Zimbabwe, onde precisei ligar para o Kuda e pegar um endereço de alguém residente no país para entrar, uma reserva de Hotel também funcionaria, pago os USD 30 financiados pela Humana e tenho o visto de turista para um mês.

Com o visto carimbado é necessário pegar um taxi até a cidade de Mutare, que é a primeira no lado do Zimbabwe, o taxi custa USD 3 por pessoa e chegar até a cidade sem ele é difícil e não recomendado já que são 7km no meio do mato. Atravessando a fronteira entre os dois países um babuíno atravessou a frente do táxi e mostrou que os animais respeitam a fronteira, já que Moçambique está com a fauna ainda bem reduzida mas o Zimbabwe continua bem povoado por animais ditos irracionais.

A cidade de Mutare é relativamente grande e com alguns edifícios em estilo bem diferente dos poucos de Moçambique pela colonização inglesa parecidos com os de um subúrbio nos Estados Unidos... sendo uma cidade de fronteira, o principal interesse é o transporte que saí de lá para algumas regiões do país e após duas coca-colas que custaram USD 1 um ônibus relativamente em bom estado me fez acreditar por alguns instantes no que Kuda diz sobre a diferença entre o transporte de Moçambique e do Zimbabwe... pena que por apenas uma viagem.

O onibus até Harare, capital do país, foi sem problemas e custou USD 5, no caminho o tempo todo olhava pela janela procurando algum animal em meio a mata e as lindas montanhas com pedras gigantes que parecem ter sido equilibradas a mão (Zimbabwe significa ‘Dzimba dza mabwe’ ou ‘grandes casas de pedras’) essas pedras também são as ditas ‘soft stones’, matéria prima de 50% do artesanato feito lá. Chegando a Harare me surpreendi com o tamanho da cidade e a semelhança, guardadas proporções, com Chicago... bonita cidade e por lá passei os 3 dias seguintes, seriam 2 mais um dia perdido ao final obrigou a uma mudança de planos. Ao chegar em Harare caminhei bastante até encontrar uma acomodação e o hotel Elizabeth (USD 25.0) me mostrou que o fato de utilizar o Dólar, desde que a inflação de 1.000% ao mês (surreal, tinha nota de 1 bilhão carimbado) acabou com o valor da moeda local, distorceu completamente a noção do valor do Dólar por ali e criou certos absurdos. Alguns vendedores locais de banana cobram USD 1 por 10 bananas! 10 bananas em Moçambique custam USD 0,15... o salário mensal de um treinador de elefantes, trabalho qualificado, é USD 80!. Além disso o governo americano enviou as notas de Dólar para a dolarização, mas esqueceu das moedas! Portanto se voce gastar 1,30 em alguma coisa, prepare-se para ter que pegar algo que leve a USD 2 pois as moedas de Rands (S.A) são muito insuficientes. Outro absurdo monetário é o valor dos Rands já que se estiver em Harare 1 Rand vale USD 0,10 e em Gweru vale 0.13 ! Quer ficar rico, vá a Harare, compre todo seu dinheiro em Rands, vá a Gweru e venda tudo!!! Faça isso eternamente e pronto. Outra peculiaridade é relativa a cartões estrangeiros... não podem ser utilizados para nada, saque ou compra, uma vez que o sistema bancário é desconectado do resto do mundo! Portanto se você vai ao Zimbabwe leve a quantidade de Dólares suficientes na cueca, tive que trocar meticais (Moç) e nenhum banco fazia o cambio... tive sorte de encontrar um mercado árabe que fizesse a troca pois os cambistas de rua também não trocavam.

Voltando ao Hotel Elizabeth o mesmo era caro e uma merda, ao lado da porta do quarto tinha uma porta de cofre que levava a um bar tipo balada (bizarro!) saí de lá correndo e caminhei bastante até que na 5th Street em frente ao parque Central (se fosse Manhattan, seria um pouco mais caro) encontrei o Palm Rock Villa, uma guesthouse que cobra USD 15 por um quarto bem mais descente e também sem casa de banho. A comida é outro diferencial de Harare... existem poucos restaurantes, quase nada de comida local e muito fast-food ruim! Uma rede que chamo de Inn (Baker Inn, Chicken Inn, Pizza Inn etc...) monopoliza o mercado de imitação ao Mc Donalds porém os preços, como para tudo, alto demais... em uma refeição gasta-se USD 8 facilmente o que leva o treinador de elefantes a poder se deliciar 10 vezes ao mês na rede Inn e nada mais.

Harare é uma cidade interessante pois difere muito da paisagem que a rodeia por muitos kilometros, porém acho que seria muito mais interessante se junto a este desenvolvimento nos padrões ocidentais houvesse maior semelhança com a África mesmo. Deixando de lado o transporte, tipicamente africano, as pessoas se vestem com cópias de roupas usadas no ocidente, não há mercados locais cheio de coisas locais apenas redes de supermercados com produtos de prateleira, a moeda é o dolar, a comida fast-food, tudo caro a música nos carros vem dos EUA... Apesar da música mais ouvida vir dos EUA fui a um show de música local extremamente bom em um bar a noite, com cerveja boa e barata... a banda tocou sem parar para respirar por umas 5-6 horas.

No que seria o último dia em Harare cheguei ao lugar de onde saem os ônibus para Gweru pelas 13:00. Após uma tradicional luta entre gladiadores (cobradores dos ônibus) pelo cliente, no caso eu, decidi entrar em um ônibus que foi prometido para sair em 30mins... Após 2 horas estava o ônibus que custou USD 5 partindo de Harare, nestas duas horas o motorista insistia em permanecer acelerando o ‘animal’ sem parar, chamando clientes, pensei : Ou esta merda quebra ou acaba a gasolina. Segunda opção.

Após esperar 2 horas, o ônibus andou por 500 metros e precisou ir no embalo até o posto de gasolina... chegando no posto um regador e o diesel alimentava a sede do ônibus e acabava com o dinheiro pago pelas passagens. O ônibus, uma merda, resolveu que graças a perspicácia do motorista não funcionaria mais e por 5 horas muita gente tentou fazer com que funcionasse, sem sucesso bomba queimada. Durante estas 5 horas de espera errei, pois se tivesse mandado o motorista á merda, esquecido os USD 5 e andado os 2 km de volta com minha mala bem pesada com artigos de trabalho, teria economizado 5 horas de paciência esperando a devolução do dinheiro ou que o ônibus funcionasse. Pelas 19:00 ainda naquele sórdido posto de gasolina um chapa com bandeira da Africa do Sul (lá são todos pintados por causa da Copa) parou e resolveu que por USD 8. levaria as pessoas que poderiam pagar até Gweru... como pagar Hotel de novo e perder o dia de viagem era pior entrei na Chapa, sem saber que carros sul africanos não poderiam pegar passageiros fora da Africa do Sul. O Movimento estava estranho e pouca gente no carro (sempre lotados até o máximo) o motorista volta e fala que vai tentar mais passageiros... após ele parar chega a polícia de bicicleta, com as armas apontando para o motorista... tiram o motorista do carro e algemam ele... resolvo jogar minha mala pela janela e descer (pela porta mesmo) por que a confusão aumentava e as pessoas se afastavam do carro... ao descer lembro que paguei USD 8, olho para o console e vejo o dinheiro lá... num movimento rápido pego meu dinheiro de volta e me afasto para o outro lado.

Nesta hora um rapaz e uma mulher que acabaram de parar no posto com um peugeot 206 oferecem carona até Gweru.... Éramos 6 e mais as compras para o funcionamento semanal de um pequeno supermercado dentro do Peugeot 206... O motorista estava com uma história muito mal contada que ia para Botswana e depois mudou a história... pela primeira vez recusei uma carona e depois de tudo isso resolvi que aquele não era o dia de ir para Gweru. Um taxi até a acomodação anterior e um dia perdido com transporte... O transporte no Zimbabwe se mostrou ao final da viagem pior que o de Moçambique e olha que é difícil. No dia seguinte bem cedo consegui um minibus que levou até Gweru... passar pela gasolineira a 2km do ponto de saída me trouxe más recordações porém desta vez a viagem foi sem grandes problemas, apenas o tradicional 5 no lugar de 3.

No caminho entre Harare e Gweru conheci outra tradição Zimbabweana... a propina ao policial em níveis que deixaria nossa ‘querida e amada’ PM com inveja. Nos 260 Km que separam as cidades, feitos em quase 5 horas, o minibus foi parado em contadas 8 oportunidades. Ora, se você quer fiscalizar uma estrada como rotina não coloca 8 barreiras em menos de 300km... a intenção é o cafézinho amargo. Em todas as paradas consegui ver claramente o momento em que o cobrador tirava algumas notas de Dólar e dava ao seu polícia... como uma rotina mesmo e é isso aí.

Como o diesel é raro já que em todo o sul da África ninguém produz petróleo outra característica do transporte por lá, percebida em algumas ocasiões é o abastecimento em meio ao nada. Em meio ao nada o ônibus para... de dentro do mato saem algumas pessoas com galões na mão tentando vender o que muito provavelmente é um Diesel queimado ou contrabandeado.

Welcome to Zimbabwe ! Por ser a capital, maior cidade, Harare merece uma visita... mas os sítios que pude ir nos dias seguintes foram bem mais a cara do Zimbabwe que eu imaginava.

Aquele abraço

Fotos Atualizadas

Atualizei as fotos graças a uma conexão de internet milagrosa

Clicando no coração africano com a bandeira dos EUA (ficou horrível, eu sei) abrem todos os albuns... dos EUA de Moçambique e do Zimbabwe.

Grande abraço

Friday, January 15, 2010

Macossa, Guro, Catandica and Manica

Hello!

Como estou tentando me vender um pouco vou escrever alguns posts em inglês... coloco o tradutor para portugues no lado direito da pagina. Não vou falar que o resultado da tradução é bom, mas dá pro gasto.

After few moths trying... and trying... and trying a bit more finally I could start my work installing the first internet spots in the end of the world, Lydia is with me doing this pioneer trip. The Vodacom connection is not the one that I wish, very slow and sometimes hard to connect but anyway working most part of times. Actually after the amazing bureaucracy to buy the modems and make the contract I could not expect anything much better.

The first place I went was Macossa a kind of real shithole in the hell… Mr Magaeisa the driver from ADPP took me to this place because there is no available transport to this small town and even hike is a very hard job in that roads. Leaving Chimoio we went until Vandusi the place where the road coming from Chimoio to Beira cross with the road that take you to the north in the direction of Tete. After Vandusi we had 200km until arrive in Guro the last town you can reach in this direction with some sort of chicken transportation… leaving Guro an amazing trail in the dust road to make people who went in past times from Paris to Dakar very jealous. Mr Magaeisa, the driver is a very kind 50 years old man and in this trail I saw that he is really a good driver… the speed was always near 100km and the road was really dangerous. Elephants and Bush Bucks are common in that region (that´s what Magaeisa said unfortunately I saw no one) and the landscape was amazing we didn’t cross any single car all the way until Macossa.

Two hours in this dust road and we arrived in Macossa the road ended in the village and I faced the truth I already knew... What the people here is going to do with the internet connection? The course I gave months ago to the pedagogical workshops managers teaching how to use computers internet and related things had nobody from Macossa and even the workshop manager didn’t have much idea of how to use internet… anyway that was not a problem in the end cause Vodacom signal was so bad that I could not make the connection. Some tries and I gave up a little frustrated… What a shit! the first place after so much work and the connection was not possible. In Macossa there is just one available place to sleep (USD 15) and before leave we eat in a bar where a very kind man made a delicious goat stomach that with piri piri (pepper) turned into a real bomb to my stomach after some minutes.

Macossa was not the begin that I was expecting to the job and we kept going to the next village still with the driver and after some hours coming back in the same way we arrived in Guro. The village of Guro is bigger than Macossa and can be reached much easily one time that is in the road that connects Vandusi and Tete.

Guro is a nice and very small town… two small markets, the beautiful mountains that separate Mozambique and Zimbabwe and that’s it... We stayed in a good and clean accommodation called Tropical (USD 20) and the work next day was successful. The connection was good the workshop manager know how to use it one time that he was in the courses and everything worked as it supposed to be. Much better.

The morning after mr Magaeisa went back and I kept teaching the people in the workshop how to use the internet… they were fascinated with the new tool they have and one time that this was the day when Mozambique played against Benin in the African Nations Cup the researches were all about it. In the end of the day me and Lydia went to the markets to see if there was something different from the other markets we are used too and we could find very cheap capulanas and all the kinds of collars… walking to the mountains we took nice pictures and the people like always amazed with the muzungos walking in places where the white people usually don’t go much often.

Next morning we took a chapa from Guro to Catandica (USD 2) and as always in chapa a long trip… some goats in the roof… much more people than the old car supports and a very crazy and fast rally driver. We arrived in Catandica and found a good accommodation with hot water in a bucket (luxury) called Zacarias Hussein (USD 15). After some minutes of resting I went to the workshop and started the work…. Very good connection, smart manager and everything worked fine again, after the bad experience in Macossa now the score was 2x1.

In Catandica the pedagogical workshop had just 2 computers working well and I convinced the people from the organization in Chimoio to send Mr Magaeisa with one computer to improve the conditions there so I had to stay one day just walking in the Village what was good one time that there was 3 good markets and some bars with cheap and tasty chamussas (avg USD 3 meal). The region where Catandica is located is near the mountains that separate Mozambique and Zimbabwe as Guro but there the mountains were else more beautiful and higher… filled with stone mines. One evening having dinner in a bar a young man approached trying to sell some rubys, tourmalines and aquamarines for a very reasonable price… one time that I’m not specialist I made no shopping despite of my willing. Next morning Mr. Magaeisa came and after install the new computer we took the road with him until Vandusi again where we hike in a small truck until Manica the last city where I’m doing this first part of the work and where I’m now.

The workshop manager in Manica is a very smart guy and one of the best students in my courses… I had no problem to make him understand how to use and teach the community people to use the internet also the Vodacom connection in Manica is very good so the score now is 3x1.

Manica is an old town and the bigger between the four cities I’m talking about in this post. During the Portuguese colonization the city was a very important gold trading spot and the consequences are a very different city when comparing to all the others I saw in Mozambique. The houses are made of masonry instead of straw, most part of the roads are made of asphalt instead of clay and there is even a square a church and a museum in the middle of the village. The first day we stayed in a bad and expensive accommodation called San Cristovam (USD 20) and them we changed to a better and cheaper called Blue Dolphin (USD 15)… In Manica you can find plenty restaurants and bars with cheap and good food because of Messica river that passes trough the city and give to the local people a very good kind of fish called Carapau. Also if you want to buy gold or some kind of precious stones Manica is the best place.

The last day in Manica we were just tourist… In the morning we took a chapa in the ‘central station’ and dropped out in Chinhamapere primary school (USD 1) where the local people said we could found someone to take us to see the Chinhamapere cave paintings made by the ancestors of the region 2.000 years go. The rock art paintings are UNESCO World Heritage site (http://whc.unesco.org/en/tentativelists/5381/) and that was an amazing experience.

In the school we found a guy who took us until Vovodondo’s house in the low part of the mountain. Vovodondo is a very old woman who is the guardian of the mountain and the only one who can go up to the paintings with the people… even the local people need her permission to climb the mountain and she always go together to make the ceremonial when arriving in the paintings site.

The time we arrived in her house she was with other two old women making a kind of liquor (fucking good!) with some local seeds… after taste the exotic liquor I waited for one hour sited in a rock looking the slow way that the women keep the good drink in some gallons while Vovodondo prepared herself to climb the mountain. I went alone one time that the sun was really hot and Lydia didn’t feel good.

Climbing the mountain we tried to make some sort of conversation very hard cause she just speak few words of Portuguese and I just speak few words of Xhona, the local language here. The communication was hard but enough and using mime skills we had great conversations. ‘Indacuenda foto Vovo… Indacuenda montanha….’ She explained to me that the painting were made by her ancestors in a time of war between the local tribes from both sides of the mountain and that’s what the painting shows arrows and bows and people fighting, hunting and dying.

When we arrived in the paintings site she made a ritual asking for permission to show me the paintings. I was creepy and remembering the certificate she showed me before down the mountain from the Zimbabwean government certificating that she was medium and able to talk with the spirits (that’s Africa). The pictures are amazing and despite the deleted down part the conservation status is not bad. I made an offer to the spirits of the mountain (money) and we left. Great experience.

Today was my last day in this first part of my trip to remote parts of Manica province installing the internet connection. Tomorrow we are going to Zimbabwe the country where I was supposed to work in Africa when I begun my project in U.S. I don’t kwow exactly why but Zimb attracts me a lot and I can hardly wait to see the Great Zimbabwe ruins.

The work was successful after so much difficulties to make contracts buy modems and bureaucracy. My personal experience really worth my unpaid work one time that I passed trough amazing places where the tourists are not used to be seen.

Aquele abraço!

Sunday, January 10, 2010

Todos merecem... eles merecem muito.

Ola amigos,

Como da primeira vez em que utilizei o blog para pedir ajuda a alguém funcionou, vou me utilizar desta ferramenta mais uma vez.

A quem tem lido o blog nos ultimos tempos o nome Adão pode soar familiar... aquele menino que está sempre junto, inteligente que só ele e cheio de mataquenhas... peço uma ajuda para ele e para o Capitão, outro menino não menos inteligente e também mercedor de uma pequena oportunidade.

Os dois eram os melhores alunos quando dava aulas de ciencias sociais para a 7 classe, participativos, interessados, muito inteligentes. Acontece que a 7 classe é a ultima do que seria o ensino fundamental aqui e agora eles precisam se matricular em outra escola. Há escolas gratuitas em Moçambique, mas se as pagas são ruins não preciso comentar como são as gratuitas.

Encontramos uma escola boa, profissionalizante, em uma cidade próxima, onde eles podem morar, comer e estudar como alunos internos... sexta feira paguei a matricula para eles, porém a escola tem um custo trimestral de 350 meticais para cada um. Serão 3 anos.

Eles são órfãos não tem como pagar... eu sou voluntário, não ganho dinheiro a mais de um ano e qualquer coisa é difícil de pagar.

O custo para acomodação, alimentação e claro estudos será de 350 meticais a cada três meses para cada um... o que são '1400 meticais ao ano para cada um, oque significa 2800 meticais ao ano para os dois, o que ao final de 3 anos significará 8400 meticais para os dois. A taxa de conversão do metical para o real é de 20 para 1, portanto o estudo por 3 anos, nestas condições que disse, para estes dois meninos custará R$ 420,00

Caso eu não consiga deixar pago os 3 anos como gostaria, deixarei ao menos 1 ano pago o que custará R$ 140,00 e depois dou um jeito de enviar o dinheiro para eles ano que vem, quando pretendo não ser mais voluntário, ferramenta de uma organização.

De qualquer maneira caros amigos, peço uma ajuda a quem for possível e querível para arcar com os custos de estudo destes dois meninos... pensando de uma maneira fria, o ensino profissionalizante de dois meninos que muito merecem por 3 anos com acomodação e alimentação inclusa, custará menos que metade de uma mensalidade de universidade meia boca...
A quem interessar patrocinar estes meninos entre em contato comigo por email... thiago_caro@hotmail.com e conversamos melhor.

Muito obrigado.



Adão e Capitão





Adão, eu e Capitão

Thursday, January 7, 2010

Nothing changes on new years day...

Ola caros amigos,

Feliz ano novo para todos ! Que o grande coringão honre seu centenário.

Após 10 dias de descanso bancados pela graaande Humana People to People (pura ironia) em Vilankulos, aquela praia de cor turquesa no Índico, de volta a Chimoio. O fim de ano por lá muito tranquilo e de certa maneira exótico, a virada na praia lotada de gente tomando cerveja com fundo musical tradicionalmente moçambicano no iníco e ocidental ao fim foi um tanto diferente do ano passado em New York, congelando em Times Square.

Diferentemente da outra vez em que me utilizei de 4 maneiras de transporte incluindo uma longa caminhada para chegar a Vilankulos, desta vez apenas um Machibombo foi responsável por quase toda a viagem. Em um momento o pneu do Machibombo furou e o fato de não haver step agravou a situação... após um percurso feito com muito barulho, uma parte da mola entrou na roda traseira (dupla) e começou a fazer um barulho ensurdecedor que além de tudo obrigava o motorista a dirigir beirando os 30km por hora... a viagem demorou 10 horas (deveriam ser 6) e graças ao facão que levava em minha mala o pneu interior na roda dupla pode ser dilacerado e permitir que terminassemos a viagem aos habituais 120km.h em meio ao pouco asfalto que resta entre os buracos da EN1, a única real rodovia de Moçambique. Chegamos vivos mais uma vez.

Em Vilankulos nestes dias exercitei um pouco mais minhas habilidades de negociação já que da outra vez em que fui percebi que a troca de artigos ocidentais como roupas por esculturas, pinturas, colares e tudo mais ainda hoje funciona e muito bem. Por lá deixei uma mochila, algumas camisetas, um relógio do Wal Mart e em troca trouxe algumas pinturas (inclusive a óleo que adoro), estatuetas, um busto Masaai lindo e pesado que ainda não sei como vou enviar para o Brasil.

A tranquilidade imperou, não fomos de barco para o arquipelogo, todos os dias uma boa comida feita na pousada (Josef e Tina é o nome, se for a Vilankulos recomendo) um suquinho de cevada, um mergulho nas águas quentes, uma caminhada até alto mar pelos recifes e bancos de areia e feliz 2010.

De volta a Chimoio... de volta a Chimoio e logicamente nothing changes on new years day

A padaria deixei nas mãos do padeiro, já que nenhum DI ficou por aqui, ao chegar descubro que o padeiro não trabalhou... pagou seu próprio salário e ao saber que eu havia chegado se desesperou e correu para fazer pão... o pão ficou terrível, tivemos que jogar fora por que nem os animais conseguiam comer. O pior de tudo é que não me surpreendi.

O contrato da Vodacom (eterno) que parecia estar pronto no ultimo dia antes de ir a Vilankulos descobri que não estava pronto... os modems que consegui finalmente pegar no distribuidor ainda não conectam... tive que colher assinaturas de muita gente de novo incluindo o Papa, o Ronaldo (aquele que era goleiro do coringão) a Leila Lopes e o Bozo (o palhaço e não o amigo) e mesmo assim até agora nada. O pior de tudo é que não me surpreendi.

O pé do Adão está uma beleza, já pareceria um pé de novo se ele não tivesse chutado uma pedra e perdido a unha do dedão.

E assim vai... se tudo der certo sábado devo ir fazer o trabalho de levar os modems e montar as redes finalmente. Devo ir até Macossa, Manica, Catandica, Guro, Dombe, Mossurize, Sussundenga e Macate e lá pelo dia 20 até o Zimbabwe para extender meu visto até dia 20 de Fevereiro e poder permanecer em Moçambique até esta data, já que o super competente pessoal da Humana em Maputo ficou 4 meses com meu passaporte para fazer a extensão do visto até a data errada. De qualquer maneira não reclamo pois vou até o Zimbabwe graças á cagada deles.

Depois de voltar deste trabalho devo me despedir de Chimoio e ir a Pemba no norte do país, já bem perto da Tanzania para uma investigação e levar alguns livros para uma biblioteca. De lá adeus Moçambique e que seja bem vinda novamente minha liberdade.

Tenho mais de mil fotos para enviar, mas a conexão está uma tristeza... vou deixar carregando durante as noites e espero que em breve possa mandar fotos novas... o Album se chama Mozambique 2 e para acessar é o mesmo esquema do outro.

Vou escrever alguns dos próximos posts em inglês pois estou tentando um trabalho de freelancer enquanto faço minha viagem pela Africa começando mês que vem... vou colocar o tradutor do google para português.

Um grande abraço e até a próxima.