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Meu nome é Thiago Caro e em Novembro de 2008 decretei uma moratória a mim mesmo.
Morei um tempo bom em Michigan e viajei boa parte dos EUA em treinamento para o trabalho voluntário relacionado a educação que agora faço em Moçambique. Em Fevereiro de 2010 irei de Moçambique a Israel em uma viajem cruzando por terra, em transporte local, Tanzania, Kenya, Ethiopia, Sudão e Egito. Escrevo este blog como maneira de compartilhar minhas experiências e bobagens com todo aquele que ache interessante e fale português.

thiago_caro@hotmail.com

Friday, February 27, 2009

E vâmo fundraisiá!

Olá,

Depois de uma semana pouco produtiva em Detroit e suas imediações, estamos de volta a Dowagiac.

Durante os dias em que supostamente deveríamos conhecer a fundo o processo de clothes collection, de onde vem o dinheiro que suporta a existência do IICD, na verdade pouco fizemos ou aprendemos sobre o processo em si. No domingo fomos incumbidos de fazer algumas apresentações sobre a Africa para o pessoal que trabalha no clothes collection (coleta de roupas usadas) e isso foi legal... o Joo fez uns jogos para as crianças, filhos do pessoal que lá trabalha... e os motoristas e funcionários que se despenderam com suas famílias no domingo para nossas apresentações aparentemente gostaram... a minha foi sobre o processo todo da ONG até chegar ao clothes collection, explicando que a Humana People to People possui os projetos na Africa, que tem como mão de obra os voluntários treinados nos paíeses do norte, e que empresas como as que eles trabalham proporcionam que as escolas sejam sustentáveis e tenham a estrutura necessária. Tentei fazer algo não muito chato... era domingo... com certeza a minha foi a mais chata.

Depois disso fomos para a casa do Mike, que faz parte do Teachers Group... grupo que na verdade está por trás (nem tão por trás assim) de todas as organizações que envolvem a Humana. Ficamos todos nós lá, esses 6 dias... deu pra perceber que após um tempo de teachers group o indivíduo fica louquinho mesmo... o inglês tinha mais tique nervoso do que o Léo, meu gerente nos tempos de Mercedes Benz, além do que é completamente workaholic.

Enquanto alguns saíram com os motoristas para coletar roupas, outros ficaram no escritório para ajudar a organizar algumas coisas, eu como bom motorista que sou, fui encarregado de viajar.... muito... mas muito mesmo, para entregar panfletos em todos os pontos (lojas, postos, restaurantes) onde temos boxes para a coleta de roupas e brinquedos.... e são 200 pontos em torno de Detroit. Ao final da viagem o velocimetro da Windstar que dirigia marcava quase 1.000 milhas percorridas, em cinco dias... nada mal.

Foi bom por que deu para conversar um pouco com os donos de estabelecimentos por aqui... desde as vendinhas em cidadezinhas completamente mundo de marlboro, até os comerciantes de Lansing e Detroit, cidades bem maiores... mas na verdade me senti gastando muito combustível e sendo muito pouco produtivo. Um dos dias em que o Moa Koo, um coreano gente boa, estava comigo nesta empreitada, passamos próximos ao autódromo de Michigan, onde ocorre em Junho a Nascar 400, uma das corridas mais tradicionais desta categoria que eu realmente gosto muito, desde pequeno. Entramos no autódromo e mais uma vez furando a segurança local (que contraditoriamente é sempre muito fraca) subimos até o alto da arquibancada para ver melhor este grande circuito oval... nunca tinha ido em um oval e um detalhe muito bom deste tipo de circuito é que não importa em que parte você esteja, a pista é avistada por inteiro... A pista da maneira que estava possibilita apenas corrida de snowmolibe já que estava coberta de neve, neve esta que esta gradualmente derretendo e dando espaço a algumas cores que não sabia que existia por aqui... predomina o vermelho... mas voltando ao circuito, após alguns minutos, um rapaz de bigode da segurança do autódromo se aproximou proferindo aquele '' whata hell is going on'' que já estou acostumado a ouvir... ok, ok estamos indo embora, sorry, eu sabia que não poderia estar aqui, mas sabe como é ne sr, jogo Nascar no computador desde que era pivete, não podia perder esta chance e tal, sou fá mesmo, daqueles que acompanha de longe, bem longe... então ele me diz que este ano não tem jeito, o Jeff Gordon leva de novo.... digo, puxa vida ele ainda corre é, já corria quando eu jogava acho que em 1994, ou algo assim no milênio passado... beleza, terminamos a conversa com ele me dando dica dos melhores custo benefício em lugar para assistir a corrida em Junho e tal... vou tentar comprar o ticket... USD 40.00... Alguem ai quer fazer um ticket donation??? Deixo uma foto do circuito nevado no final.

No ultimo dia já estava de saco cheio de entregar panfleto... já tinha dirigido pra cacete, visto todo o tipo de cidadela que se encontra nesse falido estado de Michigan. Resolvemos que 5 pessoas iam entregar panfleto esse dia... trabalho muito pesado esse... então fomos todo mundo conhecer a universidade de Michigan e um suposto museu de arte que lá se encontra... muto bem, uma hora e meia de viagem a Lansing e chegamos na famosa universidade... muito gigantesca, realmente gigantesca, a impressão é que não se percorre a pé em um dia (tá exagerei), mas com certeza é equivalente em tamanho a 5 Harvard... Andamos por lá por uma hora e tanto relembrando os tempos de universitário (num faz tanto tempo assim, um dia tbem volto) e chegamos a faculdade de arte onde deveria estar o museu... procura aqui, procura ali, nada de museu... beleza andamos pela faculdade e os alunos pareceram bem competentes, pinturas lindas, fotos muito boas... Na volta uma paradinha no Taco Bell (uma bosta) e voltamos para Dowagiac a noite, em baixo de uma puta chuva que não parou o tempo todo.

Agora estamos acertando os ultimos detalhes para nosso fundraising que começa na segunda. Na verdade viajo no domingo para Champanhe, onde dormiremos e seguiremos na segunda de manhã para Carbondale, em Illinois, onde vamos fundraisiá... e laiá...Tudo parece muito bem encaminhado, e pelo espanto da Trine hoje de manhã quando mostramos o plano e não precisamos de ajuda para nada, estamos indo muito bem... Peguei nosso orçamento gigantesco para estas duas semanas (USD 1.200) e distribui pelos 3 grupos que estão indo para diferentes lugares... combustível, alimentação.. é isso aí, só falta terminar umas binders, fazer uns contatos e vamos nós... vou dirigir uma Ford Econoline gigantesca... na verdade é uma espécie de pequeno motorhome com motor V8 que leva 7 pessoas deitadas dentro... hoje fui trocar pneu, fazer balanceamento, alinhamento e tudo mais...

É isso aí, espero que saia tudo bem... hoje a Tati estava bem emocionada ao se despedir da escola, das pessoas...a mineirinha está indo para a Africa agora, essa semana, e não deve voltar mais aqui...percebi que esses 10 meses por aqui na verdade passam bem rápido... parece que foi ontem que corri atrás do trem em NYC.

Não sei como será o acesso a net esses dias, quando possível, escrevo novamente.
Um grande abraço!

Saturday, February 21, 2009

Uma semana corrida e um carnaval bizarro. Viva Moçambique!

Ola,

Estou sentindo falta de escrever, mas o tempo está muito corrido, as vezes fica difícil.
O trabalho com fundraising e todos os estudos e apresentações estão tomando todo nosso tempo, como era de se esperar, agora sim, realmente dá para sentir que o ritmo aqui varia muito, dependendo de qual parte do projeto esta sendo realizada. Toda a monotonia dos tempos de promotion se transformaram numa correria para aprender e ao mesmo tempo fazer com que o projeto seja possível arrecadando os fundos necessários.

Durante a semana trabalhamos duro para conseguir os pontos de fundraising necessários. Nossa viajem que começará na próxima semana está sendo bem estruturada, e enquanto alguns de nós procuram grandes lojas em frente as quais possamos armar nosso barraco e pedir doações, outros procuram por acomodação gratuita (que é possível graças ao couchsurfing), outros fazem os materiais gráficos e nossas pastas que usaremos para explicar o por que estamos pedindo dinheiro, e por aí vai... Ja temos alguns lugares para ficar e nos dividiremos em 3 grupos, ao todo, juntando os 3 grupos devemos viajar 3.000 milhas em duas semanas de trabalho, pelos estados de Wiscosin e Illinois.

Deixando um pouco de lado a parte trabalhosa da coisa, os estudos vão avançando e graças aos erros ocorridos com o grupo de voluntários que está indo agora a Africa (muito trabalho, pouco estudo) nossos estudos estão sendo efetivamente realizados. Temos bastante material a ler e muito boas apresentações estão sendo feitas por parte dos professores. Nossas apresentações em si ainda estão um pouco aquém do desejado, creio eu, em parte por dificuldade com o inglês de alguns, em parte pelo pouco tempo que temos para prepara-las, mas vai melhorando. Na quinta feira uma boa discussão sobre globalização foi incitada por um curso que o Martin, um professor dinamarques que está de passagem fez... esse professor é o mesmo que anda para cima e para baixo com um violão velho de muito bom som... na verdade muitas vezes ele é cansativo, todos os dias começam com duas canções que ele toca e passa a letra para que todos cantem junto... é uma maneira boa de começar o dia, mas ao mesmo tempo enche o saco as vezes... contraditório, sim.

O melhor por estes dias foi a chegada das posições e países que estarão disponíveis para nosso grupo de voluntários. Minha vontade quando comecei a pensar em vir para cá, era ir ao Zimbabwe, mas em virtude da guerra civil e da total falta de ordem que lá impera, o IICD não está mandando mais voluntários para lá. Minha segunda opção era a Zâmbia, por tudo o que li sobre este país, e pelo fato que por muito tempo foi um território comum junto ao Zimbabwe, mas durante este ano as posições para Zâmbia não estaram disponíveis para nossa escola em Michigan. Os países para os quais o IICD enviará voluntários em Agosto, quando devo ir, são Africa do Sul e Moçambique. Os projetos: TCE (Total Control of Epidemics) que trabalha diretamente com prevençao e cuidados a portadores do HIV e outras doenças epidemicas como a Tuberculose, Child Aid, que trabalha com o desenvolvimento de comunidades e é realmente muito amplo, tendo muitas linhas de atuação junto a estrutura das comunidades e as pessoas que lá vivem. Trabalhando no Child Aid é possível atuar desde a construção de escolas ou clínicas (mão na massa) até o ensino de técnicas de agricultura e meio ambiente que proporcionem um melhor uso do solo e jardins que venham a prover vegetais nutritivos. O outro projeto para o qual o IICD enviará voluntários é a EPF, Escola de professores do futuro, projeto no qual os voluntários atuam auxiliando na formação de novos professores que ensinam nas áreas rurais de comunidades afastadas, muito afastadas de uma escola convencional. Trabalhando na EPF o voluntário também ensina os pequenos, as crianças das áreas rurais, em matérias como português (Moçambique foi colônia portuguesa), Inglês, História, ou qualquer outra sobre a qual tenha conhecimento necessário para que seja passado a frente. O ensino não é convencional.

É para este projeto que vou, Escola de Professores do Futuro em Moçambique. estou muito feliz por isso.

Durante a semana estudei um pouco mais sobre o projeto, e vou frisar agora duas coisas que me deixaram muito motivado a ir para lá. O sistema de ensino que usamos aqui é chamado DMM e ele é muito, muito bom mesmo. Consiste em uma base de dados com zilhares de lições sobre bilhares de diferentes assuntos. Entrando em um assunto você começa com um aprendizado fácil e vai evolunido até o ponto que deseja. Quando digo que a base de assuntos é grande, é por que ela é grande mesmo, vem sendo desenvolvida por professores e voluntários desde os anos 60, e faz com que o ensino seja muito mais lógico... para ilustrar, sempre detestei química... tive que perder muito tempo para aprender algo que... poxa legal eu aprendi, mas me encheu tanto o saco que hoje é uma vaga lembrança, aprendi por que nosso sistema de ensino exigia isso para que eu passasse de ano. Se nosso sistema de ensino (digo no Brasil) fosse algo que seguisse a mesma linha do DMM, algo como Home Schooling, eu teria estudado muito mais sobre história, algo que amo de paixão e por isso lembro até hoje daquilo que aprendia quando tinha 12 anos... portanto você escolhe aquilo que estuda, estuda aquilo que faz sentido para você, e não para o mercado do ensino. Outra vantagem do DMM em relação ao ensino tradicional é o conteúdo das lições, muitas são lições teóricas que creio sejam essêciais para qualquer coisa... outras são cursos, nos quais você tem várias lições teóricas e algumas pesquisas, nas quais passa a realmente interagir com o assunto (tipo aquela história que a matemática só faz sentido quando você percebe que pode contar os dedos) e uma terceira linha das lições é extremamente prática, e há lições práticas sobre todos os assuntos. Se for para aprender e ensinar creio que este seja um método mais inteligente e que funcione para qualquer um... estava apresentando este projeto durante a semana para meus companheiros e uma das voluntárias do meu grupo quis, por que quis, teimar que este tipo de coisa pode funcionar na Dinamarca, mas na África, nem pensar. Acho que eu e o Rodrigão, brasileiro que vai também para este projeto, conseguimos convencê-la que este tipo de ensino é melhor até em Marte.

Outro ponto que achei excitante no projeto, se refere ao período de pesquisa. Em todos os projetos você viaja durante um mês pelo país para pesquisar sobre um assunto que diga respeito ao que você está desenvolvendo. Minha viajem será um mês, em um ônibus, com as crianças mostrando a elas o país que elas vivem...viajando por Moçambique... cruzando o deserto, passando pelas praias do Índico e conhecendo as reservas naturais ao norte, onde vivem leôes, elefantes zebras e toda a bicharada que só existe na África.... DO CARALHO! Me apaixonei.

Cansei, são duas e meia da manhã e amanhã as 9:00 estou indo com um pessoal para Detroit, onde vamos passar uma semana conhecendo de onde vem parte de nossa renda aqui, os projetos de coleta e revenda de roupas (a Humana coleta roupas nos países do norte (EUA, Europa) e revende ou envia aos países do sul), mas antes de terminar vou falar umas linhas sobre o carnaval em um instituto dinamarquês em meio a neve... quer algo mais gelado!
Hoje bateu uma depressão nos brasileiros por aqui... os amigos no Brasil falando de carnaval, praia... as notícias tupiniquins sempre carnavalescas... resolvemos que faríamos um carnaval então a noite... sem cerveja ou nada mais, mas com máscaras e samba, olha só. O Rodrigo e o Pedro se encarregaram de providenciar tudo. Durante o dia vi até um pedaço de jogo do Flamengo com o Raul para entrar no clima... o Flamengo tomou de 3 do Resende... timeco, eles que esperem o coringão no brasileiro. Beleza.

O que não contávamos, é que na agenda do dia já havia uma festa programada... um agradecimento do grupo de daneses que finalmente está indo embora... e um adeus ao time de Agosto que está indo todo para a África no final deste mês... sim eles terminaram o fundraising no prazo, com problemas mas no prazo...
Jantar muito bom, comida boa, tinha até coca-cola e sorvete de sobremesa... só em dias especiais... acaba o jantar a galera começa a por um som, e vai animando... legal... de uma hora pra outra uma danesa troca a música que era um forró por algo do tipo Ryhanna, ou alguma meleca do tipo... então a Trine para a festa e resolve discursar sobre o time que vai, os daneses que foram e tudo mais... sei lá durou uma hora... acabando o discurso os daneses resolvem fazer um show de humor e vão imitando um ao outro e advinhar quem é... engraçado como aquele programa humorístico da rede globo sábado a noite (ainda bem que não lembro o nome)... depois de mais um tempo já tá todo mundo com o saco na lua... o Martin, aquele professor do violão do início do post começa com suas canções... e fica.... um puta tempo.... a ultima foi algo de bizarro nunca visto.

Ele falou... agora gostaria que todo mundo cantasse com a gente uma canção típica dinamarquesa (pega essa!) e faz tipo um trenzinho com as 50 pessoas presentes na sala... a música, algo do tipo ''Oki ploki duki zunsk dum... '' e no dum todo mundo vira e faz com a mão tipo como duende...''Tzlok plok tzki zim'' e vira e levanta o pé esquerdo e chuta para trás.... inacreditável por que a gente fez e as nuances eram muitas, a cada zlok diferente que cantava tinha um movimento ridículo a executar.... acabando esta meleca toda, todo mundo já tava de saco cheio.... saí correndo e peguei meu notebook para vir ao quarto pois ainda precisava terminar uma apresentação que vou fazer amanhã para umas famílias em Detroit.... lá fora a nevasca tava pegando... muito vento e neve...
Ehhhhh é carnaval!!!!!

Um grande abraço

Wednesday, February 11, 2009

Amigos

Ola,
Hoje meu post é um pouco diferente... não vou escrever nada, na verdade quase nada...

Deixo este link do portal do voluntário com o depoimento do Rudney, um capixaba que está em Moçambique, atuando na Escola dos Professores do Futuro (Projeto da Humana People to People) http://portaldovoluntario.org.br/blogs/54330/posts/2032 muito bom depoimento.

Abaixo, copio um texto de autoria desconhecida, extraído do blog do Pedro http://demoraes.wordpress.com/ que também não tem certeza de onde veio o texto... mas ele é bom e isso que importa!... faço apenas uma ressalva ao texto.... sei que a questão não são valores, o dinheiro dado ao bancos, na verdade... ele não existe, ele é uma ilusão capitalista que um dia vai desmoronar... a comida que alimenta aos pobres, ela sim existe e é limitada, portanto não seriam bilhões de USD que salvariam o mundo da fome, mas menos consumo dos países ricos, isso sim...
Mas a idéia é boa...
Um grande abraço

“ Vou fazer um slideshow para você.
Está preparado? É comum, você já viu essas imagens antes.
Quem sabe até já se acostumou com elas. Começa com aquelas crianças famintas da África. Aquelas com os ossos visíveis por baixo da pele.
Aquelas com moscas nos olhos.
Os slides se sucedem. Êxodos de populações inteiras. Gente faminta. Gente pobre. Gente sem futuro.
Durante décadas, vimos essas imagens.
No Discovery Channel, na National Geographic, nos concursos de foto.
Algumas viraram até objetos de arte, em livros de fotógrafos renomados.
São imagens de miséria que comovem. São imagens que criam plataformas de governo. Criam ONGs. Criam entidades. Criam movimentos sociais.
A miséria pelo mundo, seja em Uganda ou no Ceará, na Índia ou em Bogotá sensibiliza.
Ano após ano, discutiu-se o que fazer. Anos de pressão para sensibilizar uma infinidade de líderes que se sucederam nas nações mais poderosas do planeta.
Dizem que 40 bilhões de dólares seriam necessários para resolver o problema da fome no mundo. Resolver, capicce? Extinguir. Não haveria mais nenhum menininho terrivelmente magro e sem futuro, em nenhum canto do planeta.
Não sei como calcularam este número. Mas digamos que esteja subestimado. Digamos que seja o dobro. Ou o triplo.
Com 120 bilhões o mundo seria um lugar mais justo.
Não houve passeata, discurso político ou filosófico ou foto que sensibilizasse.
Não houve documentário, ONG, lobby ou pressão que resolvesse.
Mas em uma semana, os mesmos líderes, as mesmas potências, tiraram da cartola 2.2 trilhões de dólares (700 bi nos EUA, 1.5 tri na Europa) para salvar da fome quem já estava de barriga cheia. Bancos e investidores.
Como uma pessoa comentou, é uma pena que esse texto só esteja em blogs e não na mídia de massa, essa mesma que sabe muito bem dar tapa e afagar.

Semana após o fim de semana...

Ola!
Após o divertidíssimo final de semana, voltamos ao trabalho... e agora o trabalho realmente começou....

Estamos planejando nosso fundraising (levantamento de fundos) e como já dito, ele não é tão irrisório assim, são USD 60.000 para 10 pessoas. Ligamos para lojas de todos os tipos, digo shoppings, departamento e principalmente supermercados, e principalmente ainda... Wal Mart. O Wal Mart é 4 maior companhia do mundo... provavelmente a economia dos maiores 10 países da África juntos não é do tamanho da rede Wal Mart, mas para conseguir uma licensa pra montar um stand na frente de um supermercado pra pedir dinheiro, é uma tristeza... fala com um, com outro, manda fax e no final... recebe um não, por que a maioria só permite fundraising de obras que sejam executadas na própria comunidade... mas beleza vamos treinando o inglês, já que estadounidense falando inglês é difícil, mas pelo telefone nem te conto... é algo do tipo... HellohaveagooddayWalMartrumblesmynameisSeraphinewalmartalwayswanttohelpyouhowcanihelpyoutoo.

Estamos buscando lugares um pouco longe pois queremos fazer o fundraising diferente dos grupos passados, que ficaram mais por aqui, na região de Michigan, que está em plena decadência e com altos indíces de desemprego... agora estamos buscando Milwalkee, Illinois... em duas semanas devemos sair para nosso primeiro fundraising, e não sei se quero que chegue logo, ou se quero que nunca chegue... é uma experiência e tanto, muito difícil por tudo o que vi que os outros grupos fizeram... mas nada é assim tão fácil.

Fora este trabalho de pré fundraising, esta semana fui até alguns lugares em cidades próximas daqui para fazer orçamento das camisetas... acabei por fazer em Elkhart onde consegui um pessoal que fez um preço gente boa para os voluntários... no dia em que fui a Elkhart o presidente Obama estava lá... olha só... mas por problemas de ordem automotiva, cheguei muito tarde e o dito cujo já tinha ido embora... não foi desta vez que paguei um café para o cara... mas beleza, terminei a arte final das camisetas, acho que ficou legal... paguei o sinal e as mesmas ficam prontas semana que vem, portanto no prazo antes de nosso primeiro fundraising. Nesta parte gráfica das coisas, também terminei de fazer os nossos crachás, que nos identificam como voluntários... as fotos que estão neste post são destes crachás ... fui até Mishawaka e comprei os envólucros, os cordões e o toner que estava faltando na impressora que consertei.

Fui também até a Circuit City onde comprei nosso GPS por USD 100,00 muito necessário já que vivemos nos perdendo nesta grande metrópole... também terminei nossa redinha de computadores e configurei uns esquemas para que nos organizemos no que tange a arquivos comuns e planilhas de controle, estou elaborando também o programa que vou utilizar para controlar nosso budget.

Os estudos vão indo também, essa semana aconteceram algumas boas aulas por parte da Trine sobre história da África... a sobre o Zimbábwe foi muito boa... contou a história do Cecil Rhodes, o fanfarrão que tentou fazer do continente africano um oásis de verão para os europeus no século XIX (inclusive Zambia e Zimbabwe chamaram-se Rodhesia graças a esse grande ego que por lá passou), além disso nós voluntários fizemos também apresentações, cada um sobre um país... o meu foi Egito, acho que foi muita informação, 5 mil anos de história contados em inglês não tão culto, em 40 minutos, mas passou... também fiz alguns dos estudos pelo sistema da Humana que foi nos disponibilizado...

A Trine nossa presidente, gerente, professora, organizadora, comprou mais um carro essa semana... mais um gigante, mas esse é gigante mesmo, cabem 8 pessoas deitadas...pra compensar hoje mais uma Grand Caravan foi pro espaço... agora são 3 carros, que no Brasil valeriam no estado que estão uns R$ 20.000 e estão indo para a prensa... só esperando aqui no pátio... pátio este que descobri esses dias, é cinza, e do lado tem um gramado... sim, a neve está indo embora, derretida, deixando apenas um pouco do gelo que estava por baixo. Agora percebo que aqueles vastos campos brancos que estava me acostumando a ver, na verdade são imensas plantações de milho, e que outra grande parte são lagos, que agora começam a se mostrar muito bonitos... a paisagem vai mudando e o inverno começa a ir embora... apesar do frio começo a sentir saudade da neve.

Um fato que não poderia deixar de ser citado é a chegada do grupo de dinamarqueses aqui... sim, esta semana chegou um grupo de nada mais, nada menos do que 25 dinamarqueses aqui... muitos adolescentes, alguns professores paz e amor, uma mulher que parece o Arnold Schwarzenegger... enfim um monte deles... ficamos sabendo que os jovens teoricamente possuem problemas de comportamento, então a comunidade junta uma grana e paga uma viagem para ver se eles melhoram... eh beleza, isso é Dinamarca... e isso são voluntários, agora temos que aguentar esses fucking danish fazendo quase nada, enquanto cozinhamos, limpamos e tudo mais por aqui... na verdade o pessoal não gostou nada nada disso tudo... por que sabemos que eles estão trazendo verba para cá, e isso é necessário, mas não combina com a filosofia que este instituto prega, digo, todos fazem, todos ajudam... ontem quando entrava nos dorms duas meninas dinamarquesas me pararam e disseram ''look at this'' e deram um beijão entre si... hoje uma delas chutou uma professora... é talvez eles sejam mesmo ''problemáticos'' talvez apenas um pouco mimadinhos... ui ui ui. A verdade é que aguenta-los por aqui 2 semanas será uma tarefa Hercúlea .... mais uma.

Ganhei um amiguinho de estimação... mas assim como meus peixes ele teve vida curta... se tratava do Joaquim, um camundongo que apareceu no meu quarto, comendo biscoito... sim, filho da puta, no meu quarto... peguei ele no dia seguinte, usei uma ratoeira na cozinha e acordei no meio da noite com seu ultimo suspiro...

Ok, sinto mais falta dos meus peixes

Um grande abraço!

Sunday, February 8, 2009

Final de Semana de loco...

Ola!

O último post terminei falando sobre a viagem que fui incumbido de organizar para o final de semana e naquele momento pensava que Shelby Township era ao norte do estado de Michigan e portanto no meio do nada... faríamos então uma parada em Grand Rapids, a única cidade com mais de 200.000 habitantes no caminho e seguiriamos para a toca do urso polar, pois bem...
Saímos atrasados no sábado, pois o pessoal que está indo a África agora em Fevereiro estava usando nosso grande jeep Tahoe e a van azul que compramos na semana passada estava com um problema na bomba de gasolina e tinha que pega-la no mecânico, o Tim, um sujeito digamos peculiar... com seus dentes, metade podre, metade faltando... Volta o pessoal com o Tahoe, busco a Van no Tim e saímos de Dowagiac, não antes de pegar bastante comida escondido para economizarmos, o gigante orçamento que me deram para a viagem... USD 400,00 para 3 dias e 13 pessoas... garanto, não é nada... só McDonalds.

Saímos e seguimos por um bom tempo na estrada, algo como uma hora, de repente o que vejo... Dowagiac!!! maldito Google Maps, as vezes erra, andamos uma hora em círculo... beleza.. pegamos o caminho correto e após 2:30 de viagem chegamos a Grand Rapids, na pista de patinação no gelo por USD1.00 que achei na Internet... vamos patinar... muito divertido, a pista é bem grande e me faz lembrar os tempos que patinava com roller no SP Market lá em São Paulo, só que patinar no gelo é outra história, e por incrivel que pareça é mais fácil... desliza muito mais (obviamente) ... com pouco tempo já estava conseguindo dar umas piruetas novamente, giros, costas ... ê laiá, todo mundo voltando a ser criança, bem divertido quase toda a galera lá na pista... quase toda pois o Moa, a Shinri, o Rodrigo e a Andrea equatoriana preferiram ir ao museu, onde estava rolando um Jazz em frente.

Após algumas horas patinando, decidimos ir ao Museu também e saímos da pista... aí um pouco de sorte, resolvo ligar para o John Oberg, o sueco-"americano" que ia nos hospedar na quase um pouco famosa Shelby Township...
Hey John, what´s up ! “estamos indo logo mais, acho que vamos demorar uma hora pois estamos em Grand Rapids.... (John) Mas Grand Rapids está a 3 horas daqui!! (Eu) Fudeu, como assim ? (John) Shelby Township é ao lado de Detroit, vc está agora do outro lado de Michigam” Neste momento realizei que na verdade tinha me confundido, pensando que tinha me confundido e na verdade estava certo na primeira vez... era mesmo próximo a Detroit... depois John me explicou que na verdade, o estado de Michigan tem 2 Shelby Township... sim é verdade, puta falta de criatividade (tiacrividade).... Beleza, agora como eu conto isso pro pessoal ... fui lá e contei... a galera rachou o bico, que bom que ninguém aqui é stressado... deixamos o museu pra lá e vamos até a casa de John Oberg, o loco que nos hospedou...

Após 3 horas chegamos lá, já cansados e o cara é realmente loco, e a casa é realmente pequena, típica de subúrbio que se encontra em todos os cantos por aqui... ficamos lá conversando com ele e sua namorada Rachel ( a sim, tinha também o Buddy, o labrador deles) portanto, na pequena casa de 1 dormitório, dormimos nós 13, o casal e ... o Buddy. Como dormirmos todos em sleeping bags no cháo, vira e mexe o Buddy vinha e dava uma lambida... beleza...

Acordando no sábado, todo mundo meio mal dormido, o John nos convida a jogar um futebol (soccer) e vamos para o estacionamento... joga pra lá, joga pra cá, uma hora passa uma maluca histérica por nós e começa a gritar alguma merda que não entendi... a maluca entra no carro, não olha para trás e bate em um carro que estava passando (ridícula)... Neste momento, um senhor de idade sai na janela e grita para nós... “não saiam daí”... desce a escada e começa a gritar conosco, um monte de merda, por que estavamos jogando bola no estacionamento e deixamos a filha dele nervosa e ela bateu o carro por causa disso (vê se pode)... a situação era engraçada, até o momento em que o senhor perguntou “Qual de voces mora aqui” e John respondeu ... “ninguém” ... ooooopa, peraí, “John vc não mora aqui ?” (John) “Na verdade só a Rachel, eu não sou morador “oficial”” (Eu) “Mas peraí, tipo, não rola voce explicar isso então?’’ (John) “Não quero arrumar problema para a Rachel”... a cultura do medo que impera nesse grande país que se acha o último pendão da liberdade, leva as pessoas a um nível de estupidez inimaginável... o John, é realmente um cara muito sangue bão, mas é estadounidense, não foge a regra... Então o senhor resolve chamar os cops... os polícia mesmo... John fala para nós, vamos embora e nos leva a um meio do nada cheio de neve, em meio a uma floresta... vamos lá 7 barbudos, “fugindo” sem razão nenhuma em meio a uma floresta nevada... chegamos a estrada, quem nos espera lá ? Os polícia... sim isso mesmo, eles estavam esperando... são muito simpáticos e cordiais, assim como um búfalo desgovernado, correndo atrás de uma búfala no cio em uma ladeira... Conversa vai, conversa vem, como explicar para os búfalos que os brasileiros, coreanos, argentinos, sueco que estavam na frente deles, saíram em meio a floresta, sem motivo e que toda essa cretinice era verdade?... Ah sim, como ninguem joga bola com o passaporte no bolso estavamos sem identificação. Depois de um certo tempo, até os policiais que são realmente estúpidos, perceberam que aquela situação na estrada era ridícula e por nada... falaram para a gente algo como ‘sai da minha frente agora’ e nós obedecemos, saímos... e vamos para a estrada mais a frente... John liga para Rachel que vem nos buscar e está puta com a estupidez que ele propôs (sair correndo)... e com razão...

Na verdade a situação foi extremamente engraçada e bizarra, falaram que era para nós conhecermos um pouco da cultura daqui e realmente conhecemos... sim, é verdade, eles são estupidos e tem medo de tudo... Vamos comer pizza em um restaurante onde por USD5.00 vc come até estourar, as pessoas mais magrinhas no recinto pesavam 223kg... sim, é verdade eles são gordos e só comem porcaria... A Rachel paga para todo mundo, um amor de pessoa, realmente muito cordeal e educada e gostou bastante de nós (apesar de toda essa cagada do futebol) ... Depois de tudo isso, pegamos os carros e vamos conhecer Detroit, uma cidade que claramente já foi muito rica e está em plena decadência... prédios inteiros vazios, muitos moradores de rua, prédios invadidos, com as janelas quebradas... sim, o berço da indústria automotiva não está em seus dias mais saudáveis, conhecemos os estádios do Tigers (basebal) do Red Wings (Hockey) onde estava havendo um jogo que eu e o Rodrigo conseguimos entrar ao final como ilustres penetras... vamos ao porto, onde a água está descongelando e avistamos o Canadá na outra margem do rio. Durante todo o dia, John liga para seus amigos, convidando para uma festa a noite em sua casa com o pessoal Motley Crue que ele está hospedando (nós mesmos)... resultado, a noite na casa de John e Rachel, haviam aproximadamente 50 pessoas ... parecia uma festa daquelas de filme de universidade que estamos acostumados a importar, realmente era igual. Para variar eramos a atração... depois de contar mais ou menos 450 vezes o por que estamos aqui, somos voluntarios coisa e tal, o pessoal já estava bem “enturmado”... a noite caindo, algumas estadounidenses se empolgaram, começaram a ficar nuas ... sim, é verdade, ê laiá....

A festinha do John foi um sucesso, primeiro por que ninguem chamou a polícia, e realmente nos divertimos bastante com toda aquela situação de filme, mais um aliás...conversando com os estadounidenses a conclusão ficou ainda mais clara, eles realmente tem o que talvez seja a pior educação do mundo... da galáxia, quiçá do universo... são sim boas pessoas, mas não tem noção... Em dado momento todos nós que somos latinos estavamos irritados com a história de américa pra lá, américa pra cá....porra somos todos americanos, os EUA são apenas uma parte... Em uma conversa com dois rapazes em dado memento me revoltei com a história de américa... falei, também sou americano, mas sou americano do Brasil... ele não entendeu, e fiquei perplexo por que não era brincadeira, ele realmente não entendeu... expliquei para ele que a américa era um grande continente que ia desde a terra do fogo na Argentina até o Alaska, e portanto os EUA não correspondem nem a 30% da américa... ele não ficou bravo, revoltado, ofendido... ele simplesmente ficou perplexo, não tinha idéia sobre isso... senti que acabei com o “sonho americano” dele... impressionante.

Acordamos no domingo, conversamos um pouco com John O. e Rachel tiramos um monte de fotos e vamos embora... talvez não tenha deixado claro neste post o quão boas pessoas são Rachel e John O. mas só pelo fato de receber 13 pessoas desconhecidas em sua casa com os braços tão abertos creio que seja possível imaginar, quando conectei agora a noite recebi um email de John agradecendo nossa visita, convidando para uma próxima, vê se pode... Nosso final de semana foi excelente, eles nos fizeram sentir a vontade o tempo todo, não foi nada forçado... muito boas pessoas, assim como todo mundo que conhecemos naquela noite... conversando entre nós a pouco chegamos a conclusão que eles não são culpados por tanta ignorância... o povo em si, não é mal intencionado, pelo contrário... mas com tanta comida ruim, escolas de um nível baixissimo e principalmente, tendo a estúpida televisão daqui como principal educadora deste povo, não há cérebro que aguente.
Ah sim, do pequeno orçamento que tínhamos, ainda consegui controlar e economizar USD 80 que entram agora para o orçamento de nosso projeto....


Um grande abraço

Da esquerda pra direita, de cima para baixo.... Joo, Rachel, Nam, Moa, KBS, Rodrigo, John O, Shinri, Buddy, Santiago, Andrea, Andrea, Eu, Ivana e Pedro

Thursday, February 5, 2009

Quem sabe faz a hora

Ola!

Como postado anteriormente, esta semana iniciamos no projeto propriamente dito... agora nosso trabalhos são voltados ao levantamento de fundos e as aulas serão voltadas apenas para conhecimentos específicos relativos a África e as áreas em que cada um de nós irá atuar, ou pelo menos assim deve ser. Uma falha que é bem clara na organização aqui se deve ao fato de esperarem que os voluntários cheguem para enviarem nossos profiles aos projetos na Africa, funciona mais ou menos assim:

Quando o grupo fecha, ou seja, todos os voluntários que irão fazer o treinamento e o fundraising juntos (10) estão aqui, a Trine, que é a diretora aqui do IICD envia nossos profiles a todos os projetos na Africa, de lá vem a demanda que eles tem por voluntários... após 2 semanas os projetos devem responder com a necessidade por voluntários que eles possuem... por exemplo, 1 para o TCE na Africa do Sul... 2 para o Child Aid em Zambia... 1 para a EPF em Moçambique, e assim vai... portanto apenas após 2 semanas que o projeto já começou, é definido quem irá para qual projeto em qual país... ou seja, ainda terei que esperar um pouco mais para saber qual será o meu destino na Africa... Isso para mim é uma grande falha, pois ainda não podemos iniciar os estudos específicos (visto que não se sabe o projeto) e não seria necessário esperar este tempo... ora, se eles já sabem quantos voluntários vão estar aqui, por que não enviar os profiles 2 semanas antes ? Mas tudo bem...

Na segunda feira decidimos as responsabilidades de cada um no projeto... coisas do tipo... KBS (é um nome) vai procurar por acomodação free no período em que estivermos viajando, Ivana vai contactar WAL MARTs buscando pontos para que façamos pedidos de doação e assim vai... minha responsabilidade .... a economia do grupo... agora eu sou o homem do dinheiro aqui, ou melhor, o homem do dinheiro sem dinheiro por aqui... O orçamento que devo gerenciar: USD 650,00 mensais que a Humana envia para que toquemos nosso projeto e os USD 60.000,00 que temos que levantar em doações até a ida a Africa.... sim queridos, USD 60.000,00... é um orçamento não tão magro, uma grande responsabilidade, fiquei feliz de terem confiado em mim para tal...

Durante a semana trabalhei orçando impressões para as camisas que vamos fazer (para pedir doações)... arrumei uma impressora a laser colorida (filé) que vamos usar... fiz nossas credenciais do IICD, auxiliei na busca por WAL MART e demais estabelecimentos que permitem o famoso fundraising (também conhecido como pedir dinheiro... ou da maneira que prefiro chamar, "redistribuição de renda feita com as próprias mãos'') fiz algumas planilhas para gerenciar nossa ''fortuna'' de uma maneira bem transparente... tentei arrumar um carro (uma Grand Caravan 95, não deu certo, o carro foi jogado no lixo... literalmente... o câmbio custa USD 3.000,00 compramos um Chevy Lumina 96 por USD 2.000,00.... ô país consumista!)... enfim, fiz bastante coisa... me ocupei o tempo todo, o que é muito importante por aqui. Uma coisa que já percebi que vou ter que aprender a lidar: as pessoas que não tem tanto gosto assim pelo trabalho... Na verdade o fato de eu ter uma posição que ajuda a gerenciar o projeto aliado a minha falta de preguiça para trabalhar, é algo que me permite, em muito breve, cobrar que os outros trabalhem e ter razão para isso... mas por enquanto vou relevando, afinal é só o começo

Amanhã estamos indo a uma cidade chamada Shelbville, pois devemos passar este final de semana com uma familia estadounidense para nos sentirmos inseridos na cultura daqui e blá blá blá.... O problema é que a tarefa foi dada a mim, então esse papo de tomar coca cola a tarde para entender o que afinal é um touchdown não funcionou (aliás domingo passado vimos a final do superbowl em um Sports Bar aqui perto, o maior long run da história do esporte, e eu nem sei bem o que significa) então a família americana se transformou no John Oberg... um sueco, com cara de loco que conheci pelo CouchSurfing.com (muito bom o site) que resolveu que vai acomodar 13 voluntários em seu apartamento de 1 dormitório... na verdade não sei quem é mais loco, ele que vai acomodar, ou nós que vamos... veremos... O problema é, ao procurar a cidade, achei que era próxima a Detroit, uma grande cidade e portanto teríamos o que fazer... agora a pouco ele me mandou um email com o nome completo da cidade e descobri que na verdade ela é menor que Dowagiac e fica ao norte de Michigan, provavelmente próxima a alguma toca de urso polar e ao lado de porra nenhuma, amanhã quando eu contar as boas novas ao pessoal, do tipo ao invés de Detroit estamos indo para uma geleira, acho que eles vão querer me matar. Ainda bem que o trabalho de procurar acomodação não está mais comigo, prefiro a economia... Na próxima conto o resultado desta viagem de loco...

Deixo parte do layout que fiz para as camisetas... um abraço!

Sunday, February 1, 2009

Naturalmente

Ola,
Quase todos os dias, assistimos um filme aqui a noite... na verdade a falta do que fazer a noite nos leva a isso, o que não torna esse ritual chato... Ontem fizemos uma sessão mais longa, com 3 filmes na sequência... Tropa de Elite (apresentar pros gringos...), Around the World (putz, muito bom) e a Profecia Celestina (lógico que o livro é melhor...) Em dado momento um pensamento me veio a cabeça... Sábado a noite, eu estou aqui cheio de cobertor, numa sala com um monte de maluco (no bom sentido), um de cada canto do mundo... comendo pipoca e vendo filme.... caramba! quem imaginaria isso a um tempo atrás? na verdade de tudo o que pensei, só externei uma frase ''Desde os 16 anos, nunca imaginei que fosse passar tanto tempo sem tomar uma cerveja'' ... os brasileiros presentes concordaram, e muito....

Deixar meu conforto de casa, meu emprego na Mercedes Benz e muito mais coisas para trás não foi assim tão fácil... mas... não foi também assim tão difícil... na verdade isso foi bem fácil(me contrario, hehe)... não sinto a menor falta de acordar 5:30, dirigir por uma hora, acompanhar o mercado financeiro durante todo o dia, ajudar a transacionar 50 milhões de dólares por dia, com Broadcast, Bloomberg, telefone na BM&F tudo ao mesmo tempo... ir correndo pra faculdade... ter muitos professores bons e muitos idiotas alienados... voltar pra casa 1:00 pra fazer tudo de novo no dia seguinte, que a esta hora já não era o dia seguinte e sim o mesmo dia....

O que sinto muita, muita falta é das pessoas... minha família, a mulher que eu amo e está comigo eternamente, meus amigos queridos... isso sim faz muita falta. Mas acho que neste pouco tempo já cheguei a algumas conclusões sobre meus acertos e meus erros... conclusões estas que estavam sendo muito difíceis de encontrar continuando o ciclo vicioso no qual me encontrava.

Vindo para cá, li a profecia celestina, que me fez muito sentido... prestar atenção nas coisas e pessoas que parecem surgir por acaso...um tipo de busca por uma verdade que não é algo objetivo, nada do tipo eu busco isso ou aquilo, talvez uma definição possa ser paz interior, mas também não é bem isso, por que a felicidade não é um sentimento verdadeiro quando não é compartilhado, logo, não é interior... mas é isso aí... chegando aqui encontrei o Al Gore no aeroporto, que foi algo muito simbólico do que se passa... sei lá... encontrei do nada esperando um voo atrasado, injuriado em um aeroporto em Washington o prêmio nobel da paz, não reconheci quem era... ele veio na minha direção e me cumprimentou com a mão... pode parecer bobagem mas não foi... a primeira vez que fui a Chinatowm, meu bilhete da sorte após a refeição dizia ''A new environment makes all the difference in the world'', algo do tipo, ''Uma mudança de ambiente faz toda a diferença''

Hoje estou aqui, num país estranho e em decadência (acredite), em meio a neve, viajando muito por lugares que não pensei que viesse a conhecer, já que fujo dos pontos turísticos (só no fim de ano que eu fui turista mesmo..) com gente muito diferente do que conhecia... tendo aulas sobre caracteres asiáticos, política, história de países que nunca tinha ouvido falar, doenças, pobreza .... aprendendo a usar os métodos mais estranhos o possível de comunicação... e me preparando para conhecer uma realidade completamente diferente, na qual em breve espero estar contribuindo para um avanço.... ah sim, estou fazendo isso sem usar o famoso $$
Estes dias, em uma noite de filme, assistimos "Into the Wild'' se não me engano o título em português é ''Na natureza selvagem''... já tinha visto este filme, mas em uma situação completamente diferente.... Da primeira vez me identifiquei com o personagem do filme pela vontade de fazer algo que me tirasse do cilclo vicioso... conhecer melhor este mundo que eu vivo e assim passar a me conhecer um pouco melhor... desta vez, me identifiquei com o rapaz, por estar fazendo isso. Realmente acho que procurei durante muito tempo pelas coisas erradas, na verdade preciso de muito menos, e este muito menos me faz sentir bem mais...

Hoje não tenho o conforto de minha casa, minhas coisas, tudo que tenho meu aqui são as roupas (e muitas vieram de doação, já que obviamente não tinha roupas de frio), uma camera fotografica e este notebook no qual escrevo agora... o que me faz falta são as pessoas que fazem parte da minha vida. Não vou aqui ser hipócrita dizendo que o dinheiro não é algo importante, que se deve viver sem isso e blá, blá, blá... não.... sem isso que na verdade é um meio de troca em função do trabalho que você faz (notas na verdade não possuem valor algum) eu não comeria, não teria um carro aqui que me levasse de um lado ao outro... não teria combustível para colocar neste carro.. o que quero dizer, é que o consumo exagerado, além daquilo que realmente necessitamos não traz a felicidade, não me trouxe e creio que isso sirva para todos... além do que para que alguém consuma muito, alguém não vai consumir nada... a lei da escassez... e portanto o consumo exagerado além de não trazer a felicidade a quem consome, priva aquele que está na outra ponta da balança de consumir o básico... como... comida.

Enfim, viajei um pouco agora no domingo pela manhã... não gastei combustível para isso... o sol é forte mas não esquenta... a neve reflete o sol.... o gelo derrete e forma estalactites, e me sinto muito contente por ter a capacidade de exercitar uma habilidade que nossa raça demonstra ter a incontáveis anos... a evolução.