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Meu nome é Thiago Caro e em Novembro de 2008 decretei uma moratória a mim mesmo.
Morei um tempo bom em Michigan e viajei boa parte dos EUA em treinamento para o trabalho voluntário relacionado a educação que agora faço em Moçambique. Em Fevereiro de 2010 irei de Moçambique a Israel em uma viajem cruzando por terra, em transporte local, Tanzania, Kenya, Ethiopia, Sudão e Egito. Escrevo este blog como maneira de compartilhar minhas experiências e bobagens com todo aquele que ache interessante e fale português.

thiago_caro@hotmail.com

Sunday, August 30, 2009

A Morte do plasmodium e outro ritmo de vida

Ola,

Morra protozoário de uma figa!!! Morra!

Depois de alguns dias de uma estranha dor de cabeça e cansaço corporal, me sinto bem novamente e creio que a medicação contra a malária tenha funcionado... no começo da próxima semana voltarei ao ‘laboratório’ para testar novamente (com seringa nova) se restam traços deste protozoário incoveniente em meu sangue.

A semana foi relativamente lenta para mim pois tinha que repouzar e ficar meio quieto, porém percebi que não foi tudo lento somente por minha vontade, o ritmo aqui é muito mais lento do que na Bahia, por exemplo... Os horários são algo bizarro, marca-se algo para as 15hrs porém as 17:30 começa a discutir se aquilo que era para ser feito as 15hrs deve ser realmente feito... lá pelas 19:00 chega-se a conclusão que ... não, melhor deixar como está pois pode ser que venha a se perder muito tempo fazendo aquilo... Isso não é exagero, funciona assim mesmo e as vezes um pouco pior... no dia que voltamos das olímpiadas das EPF por exemplo, o ônibus deveria partir as 16:00 porém pelas 19:30 começou a entrega de troféu! Pelas 21:00 o ônibus partiu… é o padrão.

A completa ignorância a horários marcados reflete na verdade uma falta de compromisso de muitos com aquilo que deveria ser levado a sério.... ontem por exemplo fui a inauguração de uma pequena biblioteca feita com a ajuda do Luís, um DI brasileiro aqui da EPF, em uma escolinha para crianças bem pequenas dentro da comunidade de Nhamatanda ... a escolinha é na verdade uma cabana um pouco maior, com algumas carteiras que o Fábio, meu companheiro de quarto italiano conseguiu para as crianças e um professor, o Inácio, que é uma dessas pessoas apaixonadas que não ganha um tostão e dá aula de tudo para a mulecada, consegue dinheiro para comida e tudo o mais... Ficamos lá dentro da escolinha, sentados na frente das crianças, junto ao quadro negro... eu os amigos já citados e o Rodrigo... falamos algumas coisas para as crianças até que chegam os representantes da comunidade, um pastor evangélico (vocês não imaginam quantas igrejas evangélicas existem por aqui... Record é um canal aberto e passa novelas da GLOBO!!!!!!!) e um senhor representante do bairro Nhamatanda... o estado deste senhor foi algo que me envergonhou profundamente, o ‘representante’ da comunidade estava bêbado, mas bem bêbado mesmo... falando nada com nada lá na frente das crianças.... olhávamos um para os outros incrédulos com aquilo, mas na verdade nem tão incrédulos assim pois infelizmente isso é visto com certa normalidade.

Ao chegar na EPF as duas primeiras semanas são para ambientação e para se adequar a realidade daqui, que é bem particular... conhecer as comunidades, escolas, cidades e etc... porém me cansa um pouco ficar olhando e portanto adiantei meu processo um pouco com o Bobby estes dias para já começar a fazer alguma coisa de verdade... como estava me comunicando bastante com ele antes de chegar aqui pudemos definir em linhas gerais o que eu vou fazer e aonde... agora na segunda feira começaremos a definir horários (já que nem eu, nem ele somos moçambicanos) e tudo o mais...

Na escola EPF que prepara os professores que vão para as escolas de ensino médio (nome brasileiro) vou dar aulas de estatística básica para os professores dos professores, já que estes nunca tiveram aulas de Estatística, porém vivem colhendo dados para que as mesmas sejam feitas... recebem os resultados e nem olham direito para eles... para eles também vou montar um curso curto de introdução a Economia.

Na escola formigas do futuro que também é da Humana, porém para crianças orfãs até a classe 7 que chegam a ter até 17 anos, vou dar aulas de ciências sociais e esta na verdade é uma das funções que me deixa mais empolgado... conversando com a Doca, que é diretora da escolinha, percebi que posso ter uma grande liberdade de assuntos e métodos na aula, mesmo por que não há um programa de aulas seguido a risca, algo como o horário moçambicano... minha idéia é não fazer eles ficarem copiando aulas, ou decorando nome de continente ou coisa assim... vou conseguir um globo terrestre, fazer um sistema solar com alguma coisa que for adequada ainda não definida e mais algumas idéias que vão surgindo... Aqui irei passar apenas alguns meses, depois vou embora... portanto creio que não adianta tentar ensinar nada mais a fundo desejando que eles aprendam sobre colonização por exemplo... porém neste curto tempo talvez possa instigar que eles busquem mais para a frente saber mais sobre coisas que não fazem parte apenas do dia a dia... daquilo que eles vêem... da machamba (plantação) ou o que seja... que saibam que há lugares muito diferentes e que ao olhar para o céu eles não estão vendo muita coisa que lá está. Com as crianças, vou seguir com o projeto de geração de renda que o Fábio começou... há um forno, no qual os mais velhos fazem pães que são consumidos pelas crianças e futuramente a idéia é faze-los de folha de moringa (uma planta que possui uma quantidade de vitaminas que não imaginava existisse em apenas uma fonte) e vender os mesmos a comunidade, gerando alguma renda.

A Humana possui oficinas pedagógicas em escolas do governo por todo o país, nestas oficinas que possuem sempre algum computador, são dados cursos que ajudem as pessoas locais a gerar alguma renda e administrar esta renda gerada... Algumas oficinas estão na província de Manica (estado, onde está Chimoio) e vou viajar para estas oficinas dando cursos de 3 ou 4 dias sobre hardware de computadores... quando estive em uma das oficinas em Sussundenga, dos 4 computadores, 3 estavam com problemas de fácil resolução que poderiam ser liquidados caso alguém próximo tivesse algum conhecimento, portanto estas aulas tem como objetivo também deixar uma pessoa como responsável por estas pequenas manutenções em todas as oficinas que for.

Com certeza vou me frustrar com várias coisas pela frente, sei muito bem que partindo do ponto em que eu defino com o Bobby o que vou fazer, até o ponto em que tudo seja realmente feito há muito tempo... e o horário é moçambicano, porém tentemos não é.

Espero também que o sr Anopheles leve seus plasmodium para bem longe, por que as pessoas tem malária aqui na frequência de gripe e a cada malária uma grande quantidade de energia tem que ser recuperada e um bom tempo é perdido.

Aquele abraço

P.S – Mais algumas fotos







1 Comment:

Anonymous said...

o que eu estava procurando, obrigado