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Meu nome é Thiago Caro e em Novembro de 2008 decretei uma moratória a mim mesmo.
Morei um tempo bom em Michigan e viajei boa parte dos EUA em treinamento para o trabalho voluntário relacionado a educação que agora faço em Moçambique. Em Fevereiro de 2010 irei de Moçambique a Israel em uma viajem cruzando por terra, em transporte local, Tanzania, Kenya, Ethiopia, Sudão e Egito. Escrevo este blog como maneira de compartilhar minhas experiências e bobagens com todo aquele que ache interessante e fale português.

thiago_caro@hotmail.com

Wednesday, September 9, 2009

Algo bom a fazer

Ola,

Depois de alguns dias com bastante preguiça de computador cá estamos de novo, em uma noite de lua laranja ouvindo um bom chorinho.

Em um dia da semana passada que não me recordo qual, Bobby me liga a noite, quando já estava a dormir (jeito moçambicano) e me pede para ajudar a preparar uns computadores para a feira de tecnologia de Chimoio... quando ouvi a informação ela me soou estranha, mas estava meio dormido, então acordei as 6:00 como combinado graças a meu telefone despertador. Pela manhã já acordado a notícia me soou um pouco mais estranha ainda... feira de tecnlogia em Chimoio? Converso com o Bobby que me informa um pouco mais sobre a tal feira e me mostra a proeza que deseja eu execute... instalar o sistema que funciona em um computador cliente, com servidor lá nas terras frias dinamarquesas em um computador normal. Esse é o sistema que os alunos da EPF utilizam para dirigirem seus estudos e as matérias pelas quais se interessam, o nome é DMM e na verdade ele é bom mesmo... as pessoas que o utilizam tem acesso a uma base de dados gorda, sobre praticamente tudo que se imagine e podem escolher um tema que vai de lições bem básicas a exercícios mais avançados... a maioria das não muitas vezes que o utilizei nos EUA buscava lições de agricultura, matéria pela qual comecei a me interessar lá, mas ainda sou uma grande anta.

A instalação do sistema e da biblioteca digital (com uns 1000 livros) demorou um dia para ser feita, configurada e tudo mais... uma grande canseira mas terminada no dia, já que a feira seria no seguinte.

No seguinte a grande feira... chegamos as 7:00 a.m por que era o horário marcado e Bobby não gosta do horário moçambicano. Porém os moçambicanos ... aaahhh como eles gostam. As 7:00 logicamente não havia ninguém montando nada ainda e demorei uns 15 minutos, para com ajuda de um senhor que agora me foge o nome, montar nosso grande stand, armado em cima de uma mesa capenga coberta com uma capulana, o local, o clube muçulmano de Chimoio. Se o caro leitor acompanhou a linha do tempo, as 7:15 já não tinha mais o que fazer e o fato de que a feira começaria as 2:00, que acabara de descobrir, começava a me preocupar mesmo por que esqueci de pegar o livro que estava lendo e meu celular só tem o jogo da cobrinha que vai comendo bolinhas de não sei o que no caminho... passa uma manhã infinita e pelas 2:00 as pessoas entram na feira finalmente, porém havia sido dito que a governadora da província de Manica estaria lá para ‘cortar a faixa’ porém... a governadora é moçambicana.

Os ‘stands’ tinham variadíssimos temas e descobri que não se tratava de uma feira de tecnologia mas sim uma feira de qualquer coisa que tivesse a ver com desenvolvimento... então estavam lá 2 faculdades, outras ONGs, senhoras que tinham raízes para qualquer problema, armadilhas ninjas para caçar cobras e etc... Foi uma tarde agradável, fiquei com 2 estudantes explicando para quem interessasse sobre o que é o DMM, biblioteca digital e o trabalho da EPF... a governadora (fato que me surpreendeu, já que mulher aqui não é muito respeitada) que é bem moçambicana chegou as 5:30 para cortar a faixa e quando terminou de passar em todos os expositores a feira acabou... naquele dia, já que nos 2 seguintes continuaria, porém não para mim visto que tinha terminado meu trabalho, tudo funcionava e os estudantes são aptos a explicar sobre sua ferramenta de estudo de maneira satisfatória.

Nos dias que já eram fim de semana, motivados pelo fato que segunda, 7 de Setembro (ahhh Brasil!!!) também é feriado aqui (dia dos acordos de Lusaka que foram parte do processo de independência de Moçambique, Zâmbia e Zimbabwe) todos nós DIs fomos a uma casa de outro projeto da Humana que fica em Beira... uma praia muito gostosa, no melhor estilo bahiano, porém no oceano Índico e com o atrativo de possuir em suas areias os restos de 2 navios, um bem grande, abandonados lá desde tempos que não sei quais. Os navios a frente do farol davam um tom meio surrealistico para a praia e a água de cor mais escura e bem salgada, porém limpa, era bem diferente da suja que tinha perto da casa dos DIs... para a praia chapa é claro. Outra coisa curiosa sobre aquela praia era a água brotando da areia, no limite de onde a maré cheia chegava... me lembro de ter visto isso uma outra vez no Rio Grande do Norte e na verdade não sei o porque aquilo acontece, sei que em lugares onde haviam pedras maiores, a água chegava a jorrar. Peixinho na brasa, sol de rachar o coco e um primeiro contato com o índico que ainda pretendo conhecer mais, o soldo que a Humana paga não é nada quando convertido ao USD por exemplo, mas por aqui é mais do que suficiente, ainda mais por que sempre se consegue carona e para voltar viemos na boléia de uma pick up que tinha até cobertura. Carona de luxo!

Ontem pela manhã a primeira aula com as crianças na escola infantil da EPF, Formigas do Futuro... para elas, ciências sociais do professor Muzungo (brincadeira). Estava meio nervoso com certeza mas passou depois de um animado “bom dia querido professor!” e fiquei lá com elas na próxima hora explicando sobre o continente americano, os oceanos que banham... um pouco sobre o descobrimento do continente e como a América influi na história da Africa pelo colonialismo, porém de maneira um tanto quanto básica, por que percebi o que já tinha percebido, o nível não é de uma 7 classe como no Brasil. Não que o ensino no Brasil seja muito bom, não.... mas pelo menos tem um sistema de ensino que ainda que capenga é melhor do que a completa bagunça. Deixando de lado sistema de ensino e limitações acho que foi uma boa primeira aula, as crianças ficaram bem quietinhas enquanto eu falava, e bem faladeiras na hora que era para elas falarem. Acredito que a idéia seja que para cada conteúdo que o livro indica como o curriculo deles, deve-se partir do ponto 0e tentar ao máximo ser simples na explicação sem ser autoafirmativo (como os professores daqui) ou tratando a criança agindo como uma. Nunca fui educador e para mim isto não é e não será fácil, porém assistindo outras aulas lá na escolinha e pelas intervenções do professor que acompanhava minha aula, percebi que posso trazer algum benefício... os professores que me desculpem, mas lhes falta muito conteúdo, muita humildade já que falam asneiras inimagináveis como se fosse uma verdade universal, e muita didática já que algumas vezes por aqui penso na escola que meu pai sempre me contou frequentava quando criança... Uma cabana, com um professor gritalhão que não controla os ânimos pelo que está explicando, mas sim por berros ou objetos atirados (!). Hoje não sei, mas senti uma perplexidade por parte do professor que acompanhava minha aula, as crianças pareciam interessadas, me arrisco a dizer que realmente estavam... ficavam quietinhas e tentavam responder as perguntas que deixava no ar... por vezes ele fazia intromissões com gritos sem sentido, repetindo uma decoreba que poxa vida... num funciona né... algumas vezes cheguei a pensar que ele queria tumultuar o que tava harmônico. Foi uma boa experiência e toda segunda, terça e sexta estaremos juntos, como se diz por aqui...

É isso aí, a lua já se moveu bastante e a preguiça de computador ataca novamente.

Aquele abraço

2 Comments:

Denise said...

Olá Caro!
Puxa, gostei e ler seu relato. Estava com saudade do meu nº 1. (tipo moedinha do tio Patinhas¿?). Sei lá. Isto é idéia do Walter mesmo, ele que defina melhor!
Parece gratificante ter uma classe atenta a te ouvir. Eu dei aula para cumprir meu estágio e quase fui atingida na nuca por uma caneta bic, que, se não desvio... Pra vc ter uma idéia ela fincou no quadro negro. (acho que aquele moleque era campeão de ‘tiro ao álvaro’! E era povo do 2º grau... Se algum dia tivesse passado pela minha cabeça ser professora, naquele momento que a caneta quase a atravessou, teria mudado de idéia!
Continuo te desejando boa sorte e que Deus te proteja por aí. Sei que não é fácil e que o quadro que você pinta é poético... porque há poesia em seu ser.
Te love U!
Izzi Ota Caro

Tainara said...

ahhh adorei continue fazer com q esses olhinhus nunca percamo brilho pelo conhecimento faca a diferenca meu amigo
e continue a relatar tudo auqi ...pq da muitu forca pra continuar da onde estamos.... Valeu meu caro amigo e futuro presindente...^^
eu acredito ^^

cherao tatinha ^^