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Meu nome é Thiago Caro e em Novembro de 2008 decretei uma moratória a mim mesmo.
Morei um tempo bom em Michigan e viajei boa parte dos EUA em treinamento para o trabalho voluntário relacionado a educação que agora faço em Moçambique. Em Fevereiro de 2010 irei de Moçambique a Israel em uma viajem cruzando por terra, em transporte local, Tanzania, Kenya, Ethiopia, Sudão e Egito. Escrevo este blog como maneira de compartilhar minhas experiências e bobagens com todo aquele que ache interessante e fale português.

thiago_caro@hotmail.com

Thursday, March 5, 2009

Afinal, nada é assim tão fácil

Olá,

Escrevo agora de Carbondale, South Illinois.

Nossa primeira semana de fundraising começou muito bem, nesses 4 dias que se passaram já é possível perceber que atingir o objetivo de USD 60.000,00 não é impossível, tampouco fácil.

Estou viajando com Ivana e Nam num gigante Ford Couch que faz nossa viagem confortável e custosa, já que gasta uma gasolina dos anos 50.

No primeiro dia viajamos umas 4 horas e dormimos em Champaign uma cidade relativamente grande bem no meio do estado de Illinois e no meio também de nossa primeira viagem, chegamos a casa de Gary, um estadounidense de uns 50 e poucos anos, professor de inglês que já trabalhou em uma cassetada de países, inclusive a China... o elemento é muito inteligente, dava aula de xadrez e também era motorista de ônibus escolar para relaxar. Ficamos lá na noite de domingo para segunda, quando seguimos aqui para Carbondale onde tivemos um dia de coleta de doações em frente ao Wal Mart. A segunda feira foi excelente, conseguimos arrecadar em 8 horas de trabalho 700,00 dólares... é muito dinheiro na verdade. Se coneguíssemos fazer todos os dias assim, terminaríamos o trabalho em muito pouco tempo, visto que nos dividimos em 3 grupos e o Goal de 60.000,00 é comum a todos. Mas já sabemos que é impossível, nos outros dias mantivemos uma média de USD 400,00 que ainda sim é muito boa... muito boa mesmo. Eu e Ivana nos surpreendemos com nossa força para fazer isso, na verdade ambos nunca se imaginaram fazendo isso na vida, mas esquecemos essa parte e nos entregamos bastante ao trabalho... essencial quando você está pedindo doação nos EUA para projetos na África, você precisa convencer as pessoas sobre o porque eles devem doar dinheiro para outa parte do mundo, logo eles os mais nacionalistas, diria até bairristas. Nam está assistindo a tudo, dos USD 1.500,00 que temos agora ele conseguiu uns 25,00, no começo estavamos complacentes com isso, do tipo deixa o menino pegar o jeito, o inglês dele não é bom (não que o meu seja excelente) mas já não estamos com tanta paciência assim.

Esses dias em Carbondale estamos passando na casa do Aaron, um estudante da Universidade de Illinois que está nos hospedando na sua casa. A universidade de Illinois é uma das mais caras por aqui, e ele paga a universidade, o aluguel e tudo mais com seu salário de pizzaiolo em uma loja da Quatro´s aqui em Carbondale... igualzinho a nós aí no Brasil não é mesmo... mas eles por aqui acham que o mundo está acabando... que a crise vai fazer deles um povo muito pobre e que eles já estão começando a sentir a pobreza extrema de perto... uma cabecinha tão minúscula quanto o nosso salário aí no Brasil... arrisco a dizer ainda menor.

Muita gente quando pedimos doação diz coisas do tipo... "vocês deviam ajudar as crianças americanas" ou "você acha que esta pobreza não existe nos EUA? Você deveria voltar para o seu pais" ... eu estou cagando e andando, deixando meu rastro para eles... teve um com roupa do exército que ficou fumando um cigarrinho do meu lado e quando terminou passou por mim esbarrando e disse "Help America, Fuck Africa" esse eu tive que responder, disse algo do tipo "Fuck you your stupid, go make war" ele se voltou para mim e quis discutir, provei por A+B que ser pobre nos EUA é diferente de ser pobre na Africa (Ok, não foi tão difícil assim) também mostrei de uma maneira gentil que ele é realmente ignorante e que para ele dirigir a pick up dele provavelmente alguém em algum lugar tá passando fome... como de certa maneira diz a teoria da escassez... ele não quis atirar em mim, ou coisa assim....foi embora por que não tinha mais o que dizer, senti uma ponta, talvez duas de humilhação na face dele, e tenho que confessar, fiquei feliz!
Mas nem todo mundo é tão estúpido assim, conheci também muita gente que para, conversa, se interessa, as vezes fico conversando com a mesma pessoa uns 15 minutos.. conheci um senhor que foi missionário no Zimbabwe, me contou boas histórias... alguns jovens também se interessam param e conversam... estou ficando bom em conseguir doação das estudantes heheh.... as vezes vc gasta o latim alguns minutos e consegue um dólar, as vezes 20... mas sim, há muita gente boa por aqui também, já estou conseguindo até pressentir pela cara da pessoa se ela vai ter algo bom a dizer ou não, se vai doar ou não... por exemplo, com os brancos de boné do exército e bigode eu nem converso mais... o mesmo com as senhoras gordas brancas.... essas não são poucas. Um detalhe que percebi, muito provavelmente pela má alimentação e o péssimo sistema de saúde que existe aqui (para quem não sabe, é pior do que no Brasil, se precisar da saúde pública aqui, morreu, a particular obviamente é muito boa e muito, muito cara) há muita, mas muita gente doente por aqui... andando com aparelhos para respirar artificialmente na mão, ou com parte do corpo amputada perceptivelmente por causa da gordura e colesterol... eles realmente são muito gordos, muito gordos, inativos... percebo que o estadounidense é um povo um tanto quanto infeliz, tem acesso a tudo que o dinheiro pode comprar com muita facilidade, veja o que disse sobre o Aaron, pizzaiolo, paga universidade, aluguel, contas e tem um Honda.... mas isso não é felicidade... são muito restritos e tem um padrão de alimentação e ignorância que chega a ser triste.

Voltando ao Aaron, o rapaz que está nos hospedando, agora estou vendo ele, deitado no sofá... bem gordinho, roncando.... muito gente boa o rapaz, muito hospitaleiro e divertido... ontem ele fez um salmão com um molho de mel e mostarda, com umas amêndoas que foi um orgasmo... fazia um tempo que não degustava tanto uma refeição... após a refeição compramos umas birras e ficamos tomando e falando besteira até meio que tarde... hoje foi um pouco difícil acordar mas lá estavamos nós, as 9 da manhã em Marrion conseguindo novas doações... essa vida voluntária por aqui não é nada fácil... mas compensa.

Um grande abraço!

1 Comment:

Tulio Pimenta said...

Facil, vida facil, facil vida, tema de musa..lembra. se nao é ou esta facil pra voces, imagina pra quem precisa de ajuda... O que vale e sentir que vai valer a pena, nao é mesmo.?! Esses grandes hipocritas , fanaticos e ate racistas esto por toda parte, ma a discriminaçao é pior onde existe mais dinheiro, nessa naçao onde reina o capitalismo. o dinheiro nao é facil, mas as condiçoes de conseguir para esses Estadunidenses é melhor que os flagelados da Africa, mas eles so pensam nos seus umbigos mesmos, mas Deus colocou , ainda assim, muitas almas boas pr ai, aqueles que ajudam, nao so uma vez que tiveram por ai, mas sempre ajudam,. Tenho Uma familia de primos e tio que mora ai a 25 anos, e eles sao assim, , mas ainda bem que tem 1/4 de sua alma brasileira, onde tyemos muito contato. sao meio ceticos, frios, tristes, e capitalistas, mas sao boa gente, e ajudam um pouco, acho que nao saberiam viver fora dai, apesar de capitalistas, nao sao pao duros, e se acostumatram com os metodos faceis de viver, tanto no Brasil, quanto na africa, temos que lutar e esquivar de muitas barreiras, quanto por ai, usam o dinheiro. è isso ai pessoal, vamo coletar money... Abraços . ate agosto. tpiment@bol.com.br BH, MG