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Meu nome é Thiago Caro e em Novembro de 2008 decretei uma moratória a mim mesmo.
Morei um tempo bom em Michigan e viajei boa parte dos EUA em treinamento para o trabalho voluntário relacionado a educação que agora faço em Moçambique. Em Fevereiro de 2010 irei de Moçambique a Israel em uma viajem cruzando por terra, em transporte local, Tanzania, Kenya, Ethiopia, Sudão e Egito. Escrevo este blog como maneira de compartilhar minhas experiências e bobagens com todo aquele que ache interessante e fale português.

thiago_caro@hotmail.com

Monday, October 26, 2009

Dombe e Vilankulos

Ola,

Esta semana viajei para Dombe e Vilankulos, o primeiro povoado para trabalhar e o segundo para ir.

Saímos de Chimoio rumo a Dombe na segunda feira pelas 5 da manha, eu, Zeferino que é o gestor da oficina pedagógica de Manica e o sr Magaíssa, motorista da ADPP... No caminho passamos por Sussundenga onde Nero e Alberto, que são gestores de outras oficinas, se juntaram rumo a oficina de Dombe. Uma viajem muito confortável para os padrões já que fomos 5 pessoas num carro feito para 5 pessoas. Dombe fica ao sul de Chimoio ainda na província de Manica, o caminho fora de série... vales, florestas densas e fechadas, muitos macacos e até mesmo elefantes... infelizmente só vi alguns macacos pelo caminho e nenhum elefante cruzou a tortuosa e poeirenta pista enquanto passavamos. Uma parada em meio ao pouco e a proximidade de árvores gigantescas, bananeiras de Itú e os sons dos animais era sentida, lá pegamos bananas deliciosas... continuamos e chegamos ao destino final após 5 horas de muita conversa e este tipo de paisagem.

Já em Dombe junto a alguns gestores que também não conheciam a oficina fiz um tour de 11 segundos, suficiente para conhecer todas as duas dependências e mais tarde instalamos os dois computadores que levavamos, deixei que eles tentassem e conseguiram fazer o trabalho... instalamos também uma pequena rede entre os 4 computadores da oficina, que tendo em base o fato que aqueles são os únicos computadores da vila, foi também a primeira... primeiro futuro posto de guerras Warcraft em Dombe. rs

Nossa acomodação (na unica pensão de Dombe) foi com certeza a mais simples que fiquei até hoje... uma casinha de pau a pique e palha, uma cama, uma cadeira e uma latrina... pela manhã um balde de água fria para o banho e é isso aí... A latrina nada que não se possa viver sem presenciar, o odor é algo que impede qualquer possibilidade de uma mijada após a refeição... ressalto o fato que na oficina o banheiro era latrina, portanto por mais que eu andasse ou corresse para procurar um vaso, provavelmente me acidentaria em minhas necessidades já que esgoto era algo desconhecido em longa distância. Após o dia de trabalho trabalho assistimos a um filme moçambicano sobre Frelimo e Renamo, os dois partidos que são a herança da guerra de 16 anos que destruiu o país, ou melhor, os dois lados da guera... a vila de Dombe ainda hoje possui várias ruínas da guerra que acabou a 15 anos e assistir aquele filme ali, com crianças e os gestores que eram crianças na época, reafirmou a certeza que a guerra foi uma grande contribuição para a pobreza de hoje. As eleições serão na próxima quarta feira.

Nos dois dias seguintes fizemos o plano de geração de rendimento das oficinas já que ano que vem acabará o patrocínio da Kellogs que permite estes encontros, as capacitações, e os pequenos investimentos, portanto eles terão que conseguir tocar as oficinas sem patrocínio o que deve levar a um maior movimento, além de mais disposição para controlar o dinheiro que entra de sai. Nosso plano de instalar 10 fotocopiadoras nas oficinas e com a renda das mesmas pagar o acesso a internet, que hoje não existe, foi também discutido porém após ver melhor a situação em Dombe... sem ter mesmo energia elétrica (apenas gerador), fiquei em dúvidas sobre a viabilidade de ambos, copiadora e internet chegarem a lugares tão remotos, até este momento se pensava que haveria um contrato de manutenção pago, portanto era necessária a certeza que as pessoas irão utilizar as copiadoras. Algumas oficinas são em vilas maiores, portanto a incerteza é menor.

Na ultima tarde do encontro fizemos um programa com planilhas de excel que eles deverão utilizar para controlar as entradas e saídas de dinheiro das oficinas... este programa foi motivo de reflexões nos últimos meses, já que vinha pensando no que poderia ser feito para que de maneira bem simples pudesse ser mostrado um resultado simples... porém durante minhas incursões solitárias neste trabalho cheguei apenas a resultados que me levavam a crer que seria muita complicação para uma contabilidade que não é feita nem um um caderninho... fazer o trabalho com eles junto levou a um resultado muito melhor já que além de poderem aprender um pouco de excel, eles me ajudaram a entender aquela realidade simples e chegar a um resultado simples. Passamos a ultima noite na também simples acomodação e terminamos o encontro pela manhá de maneira muito satisfatória, ajudado pelo telefonema do Bobby dizendo ter conseguido que o contrato de manutenção das copiadoras sejá gratuito, esta nova informação praticamente garantiu a internet para os lugares mais remotos. Me despedi de todos e saí caminhando pela estrada, seguindo sentido Vilankulos.

A viagem de Dombe a Vilankulos seria longa, com as devidas informações que haviam sido dadas pelos gestores fui andando pela estrada de terra, no que poderia ser uma caminhada de 45km até chegar a estrada nacional. Após pouco mais de uma hora uma pickup pequena, no estilo de uma saveiro ou coisa parecida passou, com umas 15 pessoas na caçamba... fiz o sinal clássico da carona com o dedo positivo e a pickup parou...

Quanto cobra para me levar até a estrada amigo?
Hundred meticais sir...
Para lá... cem meticais vou até Inchope, vou andando então...
Pera aí, paga quanto então?
Cinquenta eu pago...
Sobe ai!

E subi no que seria o primeiro transporte do dia... que andou por alguns minutos, até quebrar... pela primeira vez... Quebrou mais duas até chegar a estrada nacional, empurramos o carro, paramos num vilarejo para pegar agua pois estava fervendo... mas chegamos. Na caçamba fui conversando com os locais, que acharam engraçado o fato de eu, dito branco, estar lá no mesmo transporte. Chegando a estrada nacional, me abasteci de bananas e tomei alguns refrescos pois o dia estava quente e logo segui para a estrada para tentar um transporte para Vilanculo... Espera uma hora, pedindo carona para tudo o que passasse, e um Machibombo (microonibus) cansado demais parou para conversar...

Ola amigo, quanto cobra para Vilankulos?
600 Meticais...
Para lá, sou muzungo mas moro aqui tambem...
Paga quanto então amigo...
200 eu pago.
Sobe ai!

E lá subi e permaneci por umas duas horas, até a quebra do Machibombo. Enquanto estava lá junto ao motorista palpitando no conserto, vejo um babuino, muito grande cruzando a estrada... Puta merda! Vou pegar minha camera... Pego a camera e saio em passo rapido para a direção de onde atravessou o macaco... Quando chego proximo ao lado de uma pequena ponte (sobre um rio seco, como a maioria) vejo muito movimento nas arvores e olhando para o vale vejo que lá tem muitos, mas muitos babuínos... grandes, médios e pequenos, que ficam ao longe me olhando assustados enquanto tento um bom shot... cena linda, o sol ia baixando, um vale lindo, muitos macacos me olhando com a mesma curiosidade com a qual eu os olhava...

Voltando ao Machibombo, o motorista me diz que aquela região é cheia de macacos de vários tipos, e que aqueles babuínos que eu contemplava, muitas vezes ficam nervosos e é bom contemplar ao longe mesmo. Passados 40 minutos o Machibombo continuava lá em cima do macaco (hidráulico!) um caminhoneiro passa pelo local e me oferece carona! Muzungo power, as pessoas gostam de conversar com quem vem de fora por curiosidade mesmo e vou com o mestre e seus 3 ajudantes na boléia do caminhão pelas próximas 4 ou 5 horas... eles carregam madeira em um caminhão de carroceria dupla... muita madeira forte. Paramos em um lugar de venda de carvão vegetal no caminho e carrego o caminhão com eles, apesar de insistirem para que ficasse de canto para que não me sujasse, mas nesta altura já estava bem sujo da estrada na verdade. Muito prazerosa a viagem e as conversas com o mestre e seus ajudantes... muitas risadas demos juntos e ter vindo para um país que fale português, mas uma vez ajudou... Pelas 21:00 chegamos a Pambarra, ponto na Estrada nacional onde teria que conseguir mais algum transporte para Vilankulos... O sr mestre quer esperar me olhando para se certificar que tudo fica certo até que eu consiga novo transporte, porém o convenço que ele tem que continuar viajem, pois Maputo ainda são mais 10 horas de estrada... ele diz que vai tomar uns red bull e segue seu caminho...

Esta ultima etapa da viagem tive muita sorte, já que a estrada para Vilanculo não tem muito movimento e já era noite sem lua cheia, porém após uns 15 minutos de espera, um caminhão passou e me levou até a cidade... chegando lá não tinha dinheiro trocado para pagar a boléia, porém o motorista me deixou em uma barraca onde troquei meus duzentos e paguei seus 30 meticais... Chego a Vilankulos cansado, mas energizado pelo dia que passei, conseguindo chegar do ponto A ao B apesar das dificuldades normais por aqui, já que o transporte público e privado organizado são inexistentes. Em Vilankulos Andrea, amiga minha do IICD estava e havia conseguido uma acomodação na casa de uma pessoa da comunidade (muito linda a casa, no estilo palha e pau a pique como sempre) e portanto pude descansar sem ter que procurar lugar para ficar.

No dia seguinte seguimos para a praia, com as malas, já que queriamos ir para Bazaruto, maior ilha do arquipelogo de mesmo nome que fica entre Moçambique e Madagascar (muito mais proximo de Mozambique). Chegamos a praia e fomos procurar por algum barco de pescador que pudesse nos levar por um preço razoável... a ilha de Bazaruto é território protegido e o WWF (Aquela ONG do urso panda) faz patrulha da área para ter certeza que ninguém chegue lá por via diferente que uma das caras companhias turísticas de Vilankulos... porém esta aparente boa atitude de proteção não passa de uma maneira de tornar a ilha um território exclusivo para pessoas com muito dinheiro, como se perceberá nas próximas linhas. Conseguimos um barco de pescadores que aceitou nos levar para Vilankulos a preço justo para um barco de pescadores... grande experiência.

Os pescadores pareciam saídos de um filme de piratas na verdade... havia o comandante e dono do barco que fazia o papel daquele que já viajou por todos os mares e olha para o mar com os olhos de um filósofo.... havia aquele risonho, sobre o qual todos os outros ficam fazendo piadas, inclusive com sua touca característica na cabeça... também o jovem esperto e cheio de vontade de conhecer as coisas, perguntador que se interessa pelo desconhecido... o aprendiz, que está em suas primeiras viagens e fica com as tarefas de pouca responsabilidade. Todos eles tomavam rum, o qual fizeram questão de compartilhar, além de outras cositas típicas de bucaneros. A viagem deles era bem mais longa visto que ao passar a ultima ilha do arquipélogo, aquela na qual nos deixaram ,eles seguiriam para alto mar onde buscavam pescar tubarões e peixes grandes (os anzóis eram gigantes) e no mar permaneceriam por 3 dias e 3 noites até encher o barco, dependendo da sorte. Após umas 3 horas de viagem no barco a vela e motor, eles nos deixam em Bazaruto, longe da praia, pois se alguém do WWF percebesse o acontecido poderiam até mesmo apreender o barco, porém as águas razas e incrivelmente cristalinas entre as ilhas do arquipélogo não eram grande obstáculo e caminhamos em meio aos corais e peixes que coçavam os pés até chegarmos a praia.

Ao pisar em areia firme, percebo que a ilha não possui nada, nada mesmo no raio de visão e portanto os assuntos comida, água e acomodação começavam a preocupar, mas apenas começavam. Andamos, andamos e andamos, aproximadamente 6 horas pelas praias paradisíacas, com conchas enormes e nem um traço de civilização... após muita caminhada passamos por uma tribo, que na verdade não estava acostumada com o branco de maneira nenhuma, já que ficava fora do alcance dos turistas que frequentavam a ilha... estes nativos diziam que os brancos vinham a ilha para cortar a cabeça das crianças e com elas pescar tubarão, então podemos imaginar que eles não tinham muito amor pelo muzungo... ficaram muitos deles nos seguindo por bom trecho, nos tocando, nossas coisas e pensei talvez que estivesse fudido... uma vez que ali o que acontecer ali fica, mas após um tempo de caminhada sem atenção retribuída nos deixaram... perguntei em um momento se existia alguma acomodação na ilha e disseram em portugues quase ininteligivel que existia um hotel chamado, pelo que havia entendido, Ndigubê.. perguntei se era algo caro deixando a entender que tambem não tinha muito comigo, mas não consegui entender a resposta... seguimos caminhando.

Após mais muita caminhada, a mala começava a pesar uma tonelada e lá ao fim da ilha, consegui avistar o que pareciam pequenos chalés... caramba! Tem algum lugar para ficar aqui... o sol baixava e apertamos o passo agora mais animados pelos chalés que apareciam ao fundo... o por do sol, um dos mais lindos que ja presenciei ia ficando cada vez mais escuro e ao aproximarem-se os chalés, percebemos que não eram chalés e sim gigantescos guarda-sois. Ao chegar ao que já se mostrava um resort, o panico bateu, já que ele era obviamente impagável... casas luxuosas, com o pé na agua e apenas europeus como hóspedes...ja estive em hotel 5 estrelas antes, mas como aquele nunca vi... comprei um peixe com pescadores que estavam pouco antes do hotel e cheguei a conclusão que não seria boa ideia entrar no hotel com aquele peixe pingando sangue nas mãos... deixei o peixe muquiado no mato e entrei de mãos livres para me certificar que o hotel era mesmo impagavel... gigantescas salas de tudo que se imagina separavam a areia da praia da primeira recepção, um bar digno de filme... ao chegar na recepção sujo, com tenis pindurado na mala...as pessoas da recepção perceberam que não seriamos hospedes.. Ainda bem que eles eram moçambicanos.

Na recepção pergunto pelo preço do quarto... o mais barato USD 500!!. Puta merda, to fudido, vou dormir na praia com os nativos e agora alguem ja deve ter roubado meu peixe, portanto nao temos mais comida tambem.... faço uma choradeira na recepção até que o moçambicano que atendia entende a situação e me pede um minuto... me sentia nada a vontade naquele ‘ambiente europeu esbanjador em meio a uma ilha de pequena população absolutamente pobre.... o recepcionista (que falava alem de bom portugues mais algumas linguas) volta com uma outra opção, uma casa na comunidade por USD 200. Com certeza 200 dolares era bem melhor, mas ainda sim fora de cogitação, mesmo por que nenhuma casa naquela ilha (fora o Indigo Bay, nome do hotel que os nativos pronunciavam Ndigubê) poderia ser cobrado 200 dolares uma diaria, peço permissão para falar com o dono da casa pelo telefone e obtenho a permissão. Do outro lado da linha estava o sr Castilho, dono da casa e mais tarde a se descobrir um coração dourado, aquele tipo de presente que Deus reserva para os viajantes de bom coração... após explicar muito bem a ele a condição voluntária ele diz que pensava tratar-se de turistas europeus e nos presenteia com uma diaria de 200... meticais desta vez, o equivalente a 8 dolares. Bem melhor. Ele pede para que eu espere no hotel, pois viria nos buscar em seu quadriciclo, ainda ganhamos o transporte... saio correndo daquele hotel nojento em busca do peixe, não sem antes afanar algumas toalhas com fios dourados do banheiro e tomar uns 2 litros de boa agua... ao chegar lá fora percebo que alguem me viu esconder o peixe e o mesmo esta hora deveria estar sendo preparado para alimentar uma barriga mais faminta... tudo bem.

Após pouco tempo chega sr Castilho, com seu quadriciclo e leva Andrea, depois volta e leva a mim... chegando na casa, quase choro, Mamá (o jeito de chamar qualquer senhora, em qualquer lingua de Moçambique, e creio Africa) preparou comida deliciosa para nós... eles esquentam água para o banho e o quarto é extremamente simples e confortável, muito mais do que esperava nesta altura do campeonato... vou dormir com a certeza de que Deus proverá.

No dia seguinte acordo com um matabicho de rei preparado por Mamá... Enrico, filho do Sr Castilho se propõe a nos levar no quadriciclo para conhecer a ilha, caso paguemos o combustivel... logicamente fomos e a ilha realmente é espetacular... dunas e dunas de areia móvel, a depender da vontade do vento, davam um ar de sahara... entre as dunas, lagoas cristalinas convidavam a um banho caso não fossem infestadas de crocodilos.... entre a mata avistamos caprinos, macacos e cangurus (nao pergunte como chegaram lá) além de uma infinidade de pássaros coloridos e águias de cabeça vermelha... exuberante. Enrico para a moto na mata próximo as dunas e vamos caminhar... subimos dunas, descemos dunas até a exaustão, quando do outro lado aparece o índico.... verde claro..... maravilhoso com ondas dignas da profundidade que abriga os tubarões, baleias e golfinhos que vivem depois da ultima ilha, em mar aberto.... após um mergulho dou conta que algo começa a acontecer, sento na areia e aprecio o espetáculo .... milhares de caranguejos coloridos e transparentes saem da areia, da água, ao mesmo tempo.... Enrico explica que eles se reproduzem ali, na paz deserta daquele lado da ilha... sem mais palavras.

Voltamos em direção ao quadriciclo, porém nos perdemos por 1 hora na mata, pisando em cogumelos pontiagudos que incomodavam.... muito sol... achamos o quadriciclo e após alguns minutos de direção, o mesmo quebra... olha daqui, olha dali, Enrico desiste e peço permissão para tentar....acho um fusível queimado e descasco um fio de reserva com uma faca muito especial, substituo o fusivel pelo fio e ... vrummmm, a bagaça funciona e nos leva para casa de Sr Castilho onde Mamá preparou um almoço não menos delicioso que as refeições anteriores. Após o almoço vamos procurar e achamos um barco a vela que pudesse nos levar a Vilankulos de volta, já que estavamos totalmente ilegais naquela ilha... o resort foi construído onde antes era uma comunidade local (talvez por isso achem que os brancos cortem as cabeças das crianças para pescar tubarão) e o WWF está lá para se certificar que mochileiros como nós não vão atrapalhar a vista de povo nativo e oceano limpido dos srs barrigudos que chegam de avião(pequeno aeroporto no resort) e pagam as despesas daquele resort fétido. Este barco era apenas a vela e portanto dependiamos do vento que para a sorte soprava forte... olhando para o mar enquanto voltavamos, conseguia ver lulas, polvos, medusas coloridas e gigantes, porém o mais impressionante da volta foi uma briga de tubarões que me fez tirar o pé da agua e colocar de volta no barco...alguns tubaroes, em circulos pareciam brigar até a morte, ou algum tipo estranho de brincadeira.... ali mesmo, perto do barco.... barbatanas para cima e um espetáculo muito mais original que os tubarões enjaulados do Six Flags na California. Chegamos a noite a Vilankulos, com Andrea passando mal por causa de sua pressão e frio... tudo escuro na cidade sem luzes.... achamos uma acomodação barata para o próximo dia.

O próximo dia chegamos a conclusão que deveria ser calmo, já que o cansaço batia... ficamos lá em Vilankulos olhando as casas de arte e tomando cerveja gelada na praia, encontro o Yuni (filho da mulher que nos hospedou no primeiro dia) e vou com ele caminhar pelos bancos de areia a procurar conchas... na verdade não precisava procurar. Neste dia comprei várias estatuetas, pinturas... arte linda e barata... uma pintura a óleo, maravilhosa pela qual me apaixonei e custou a bagatela de 200 meticais mais a bermuda que eu vestia (fui a pensão trocar)... me encanta a arte local moçambicana e também a herança árabe local da negociação, onde todos ficam felizes ao final. Neste dia Andrea volta para Maputo e fico a espera dos outros DIs de Chimoio que estariam chegando a Vilankulos.

Domingo pela manhã ao acordar percebo que há uma igreja ao lado da pensão... tomo meu matabicho e fumo meu cigarrinho ouvindo os lindos cantos que me dão uma imensa paz de espírito... deixo a pousada e vou com minha mala, tenis pendurado e tudo mais ao encontro dos DIs de Chimoio que voltavam e me dariam carona para a EPF... tomamos uma cerveja, jogamos conversa fora e pegamos a estrada, no carro de um chinês injuriado, no qual escrevo agora.... não me pergunte de onde eles sairam... sei que apareceram DIs de Chimoio e um chinês, ele tem uma Land Rover e estou dentro dela voltando para casa.

And I think to myself, what a wonderful world.

Abraço

P.S – Grande demais o post né... logo mais mando as fotos.

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